“Vamos ouvir falar muito nos próximos dias das responsabilidades por parte da Ucrânia, para reformar a sua política, para combater a corrupção, reforçar o estado de direito na Ucrânia, e todas essas prioridades são certas. O processo de adesão terá de ser julgado pelos seus méritos e deméritos durante todo o seu percurso e, portanto, não deve ser mais expedito ou menos, as regras devem ser cumpridas”, defendeu o deputado único do Livre.
Rui Tavares falava após uma reunião no palacete de S. Bento com o primeiro-ministro, António Costa, que está a receber os partidos com representação parlamentar para debater o Conselho Europeu da próxima semana, em Bruxelas, que vai discutir as candidaturas à adesão à União Europeia da Ucrânia, República da Moldova e Geórgia.
“Consideramos que a Ucrânia merece a aceitação do seu pedido de candidatura à UE, achamos que seria um erro histórico por parte da UE rejeitar esse pedido de candidatura, mas ao mesmo tempo isso implica uma responsabilidade acrescida para as duas partes”, advogou o deputado.
Tavares defendeu que a União Europeia tem de “fazer valer os seus valores em termos de estado direito, democracia e direitos fundamentais”.
“Para que fique bem claro para todos que já estão na UE e para os que possam vir a entrar de que a UE é um espaço de direito e de direitos”, vincou.
Tavares considerou que se o pedido de candidatura da Ucrânia à UE for rejeitado ou atrasado, isso pode significar uma “machadada na moral dos ucranianos” e seria “uma enorme vitória política de Vladimir Putin”.
“Ao mesmo tempo, a Europa tem que mostrar que leva a sério os seus valores e que um processo de adesão é exigente”, vincou.
A Comissão Europeia recomendou hoje ao Conselho que seja concedido à Ucrânia o estatuto de país candidato à adesão à União Europeia (UE), emitindo parecer semelhante para a Moldova, enquanto para a Geórgia entende serem necessários mais passos.
Menos de uma semana após o início da invasão pela Rússia, a 24 de fevereiro, a Ucrânia apresentou formalmente a sua candidatura à adesão, e, no início de abril, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, entregou em mão, em Kiev, ao Presidente Volodymyr Zelensky o questionário que as autoridades ucranianas entretanto preencheram e remeteram a Bruxelas, aguardando agora ansiosamente pelo ‘veredicto’ europeu.
Na terça-feira, por ocasião de uma deslocação a Haia, António Costa insistiu que aquilo de que a Ucrânia mais precisa agora é de respostas imediatas e práticas, e não de questões legais e jurídicas relacionadas com o processo de adesão ao bloco europeu, necessariamente moroso, o que pode criar frustração.
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