Católicos, evangélicos, judeus, muçulmanos, hindus, ortodoxos, budistas e adventistas pediram para ser recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa para manifestar a sua posição contra a eutanásia, no âmbito dos projetos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal, que serão debatidos e votados na próxima semana na Assembleia da República.
“As nossas perspetivas podem ser distintas, como de facto são, mas aqui neste ponto são absolutamente convergentes”, afirmou o cardeal patriarca Manuel Clemente, à saída do encontro no Palácio de Belém, que durou mais de uma hora.
O cardeal patriarca defendeu que Portugal deve seguir o exemplo de “outras sociedades democráticas e evoluídas”, que optaram por desenvolver os cuidados paliativos de forma a “chegar a todos para que possam ter uma base sólida para o futuro”.
Já o pastor Jorge Humberto, da Aliança Evangélica Portuguesa, classificou a eutanásia de “retrocesso civilizacional”, defendendo também que a solução deve passar por “cuidados paliativos ao alcance de todos os cidadãos em Portugal”.
O pastor acrescentou que o tema “não pode ser um assunto de algumas pessoas apenas: As religiões têm um sério contributo a dar no sentido da dignificação e dignidade da vida”.
Os 16 representantes das oito religiões mostraram-se hoje unidos: “Estamos juntos para ter a mesma voz”, acrescentou o sheik David Munir, líder da Mesquita Islâmica Central de Lisboa.
“Espero que cuidemos mais das pessoas que precisam dos nossos cuidados do que os abandonemos”, acrescentou o sheik Munir, sublinhando também a necessidade de “valorizar a vida e dar mais ênfase aos cuidados paliativos”.
O rabino Natan Peres, da Comunidade Israelita de Lisboa, saudou o facto de a eutanásia ter conseguido juntar diferentes religiões e mostrar que “as religiões em Portugal podem unir-se” e trabalhar juntas.
Pela voz do pastor Jorge Humberto foi ainda transmitida a posição em relação à realização de um referendo: “Seria uma excelente opção”, resumiu.
“Sempre que o povo se pronuncia, com certeza que é um ato de democracia e com certeza que é uma forma de perceber claramente, sem qualquer tipo de manipulação aquilo que vai no sentimento e no coração das pessoas. O referendo seria uma excelente opção”, concluiu o pastor da Aliança Evangélica Portuguesa.
O Presidente da República recebeu esta manhã 16 representantes de oito religiões, estando agendado para o final da tarde um encontro com Júlio Meirinhos, grão-mestre da Grande Loja Regular de Portugal (GLRP) e Isabel Corker, grã-mestre da Grande Loja Feminina de Portugal.
[Notícia atualizada às 14:20]
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