No final de uma reunião com a direção da Ordem dos Enfermeiros, Rui Rio foi questionado se partia em desvantagem para o único frente a frente com o secretário-geral do PS antes das legislativas de 30 de janeiro - na quinta-feira, organizado e transmitida pelas três televisões generalistas - por já ter admitido viabilizar um Governo do PS se perder as eleições, o que António Costa não fez.
“Não, acho que o primeiro-ministro está neste momento em desvantagem, e o PS, porque eu tenho uma resposta clara para cada situação em concreto e o dr. António Costa não tem”, afirmou.
O líder do PSD acusou o líder do PS de só ser claro num cenário de derrota socialista, ao repetir que se perder se demite.
“A partir daí, refugia-se, dizendo que quer uma maioria absoluta, isso eu também quero, queremos todos”, afirmou.
Rio defendeu, aliás, que António Costa deveria ser questionado sobre os cenários de governabilidade após as eleições antecipadas de 30 de janeiro, até “porque tem um historial que mais ninguém tem”.
“Em 2015, perdeu as eleições e foi primeiro-ministro com base num acordo parlamentar que durante a campanha escondeu e não disse que podia fazer”, criticou, apontando que Costa, nesta pré-campanha, também não esclarece o que fazer se tiver “uma maioria relativa”.
Apesar de admitir que fez alguma preparação para este debate, Rio recusou que este seja decisivo para o resultado eleitoral, dizendo que essa é a lógica da comunicação social que “pega no debate e faz um espetáculo como se fosse o Porto-Benfica”.
“Mas não é, é um debate em que as pessoas vão trocar ideias (…) Mal ia este país se no espaço de uma hora tudo se decidisse, afirmou.
Para o presidente do PSD, a avaliação dos portugueses nas eleições será feita com base naquilo que o seu partido propõe fazer e no seu historial, tal como no de António Costa e do Governo PS.
“As mensagens que tenho para dar nesse debate em nada diferem das mensagens que tenho vindo a dar ao longo das últimas semanas e meses”, frisou.
Para Rio, o que os portugueses “mais anseiam é ter melhores empregos e melhores salários e, de um modo geral, melhores serviços públicos”.
“O Serviço Nacional de Saúde é seguramente daquilo que mais tem preocupado os portugueses, porque tem acentuado a sua degradação e a sua fraca capacidade de resposta face ao que os portugueses pagam em impostos e devem receber”, apontou.
Rio foi também questionado sobre o seu debate de hoje com o PCP, em que o líder parlamentar, João Oliveira, irá substituir o secretário-geral Jerónimo de Sousa, que irá ser submetido a uma operação cirúrgica.
“Seria eticamente reprovável se eu, perante esta dificuldade, não aceitasse debater com quem o PCP entendesse”, afirmou o presidente do PSD, aproveitando para reiterar o desejo de rápida recuperação ao líder comunista.
Quanto à situação profissional dos enfermeiros, que motivou a reunião com a direção da Ordem, Rio afirmou a intenção de olhar para esta “e outras carreiras” que considera terem sido desvalorizadas pelo atual Governo.
“Sem uma carreira estabilizada, sem poder progredir nessa carreira e sem ter vencimentos melhores, é uma questão de tempo, as pessoas vão embora”, alertou, referindo-se aos dados avançados na terça-feira pela Ordem de que mais de 2.000 enfermeiros pediram para sair de Portugal desde o início da pandemia, em março de 2020, especialmente no segundo semestre do ano passado.
Rui Rio esteve acompanhado na reunião por Ricardo Baptista Leite, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e médico, e pela nova vice-presidente do partido Ana Paula Martins, eleita no Congresso de dezembro, e bastonária da Ordem dos Farmacêuticos desde 2016.
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