Numa sala da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa cheia, o Bloco de Esquerda realizou o penúltimo comício de campanha, com intervenções também de Mariana Mortágua, Bruno Maia, Beatriz Gomes Dias e Leonor Rosas, todos candidatos pelo círculo eleitoral de Lisboa, uma noite que terminou em ambiente de festa ao som da música de Sérgio Godinho, “Maré Alta”.
Catarina Martins subiu ao púlpito para se mostrar “orgulhosa do Bloco”, não só pela campanha, mas também dos debates, recordando que andou perto das pessoas na volta pelo país da caravana bloquista e não “cercada por fiéis”, porque gosta “mais de falar de olhos nos olhos" do que de se esconder "em cima dos ombros de alguém”.
Outro dos motivos do orgulho da líder do BE é o facto de o partido só ter tido “uma palavra”, que diz ser a mesma desde 2015, porque o país depois da ‘troika’ e da austeridade “só pode assentar num contrato claro, um contrato de ferro que responda pelo trabalho e pelos serviços públicos”.
“Orgulho-me de ter enterrado o delírio de maioria absoluta de António Costa precisamente em nome deste contrato necessário. Orgulho-me de ter visto o primeiro-ministro dizer que voltará ao diálogo para este contrato. Que grande volta deu o PS nesta campanha”, atirou.
Satisfeita também pelo convite que fez ao líder do PS, António Costa, para uma “reunião já segunda-feira que vem”, Catarina Martins admitiu que sabe que “será difícil”, recordando as palavras de hoje do ministro Augusto Santos Silva ao “alimentar ambiguidades e admitir futuros apertos de mão com Rui Rio”.
“Pois só um Bloco de Esquerda forte impede essa deriva repetida, que o país conhece tão bem e recorda sem saudade, a governação pantanosa do centrão”, enfatizou.
A líder do BE acrescentou outra razão pelo “orgulho na campanha” feita pelo partido: “é que Rui Rio foi obrigado a falar”.
“A direita teve que vir a jogo e expôs-se: os grupos da saúde privada, as companhias seguradoras estão à espreita e Rui Rio é o seu homem. Ainda bem que Rio se mostrou. Sabemos o que não queremos”, afirmou.
O compromisso dos bloquistas, segundo Catarina Martins, é “com aqueles que foram ficando para trás”.
Trabalhadores das plataformas digitas, comunidades escolares, funcionários públicos, jovens precários, portugueses sem médicos de família e trabalhadores afetados pelas regras laborais que ainda restam do tempo da ‘troika’ são, nas palavras da coordenadora do BE, o “povo que o PS esqueceu” e a quem deixa um apelo: “vão votar e vão votar para ganhar”.
“Vão votar por um dia seguinte às eleições que ponha a funcionar o que já sabemos que pode funcionar: clareza de compromissos, metas e calendários, um contrato feito à esquerda. Votem por uma maioria em que o Bloco de Esquerda seja determinante como terceira política”, pediu.
Referindo as sondagens que colocam o BE “praticamente empatado, no terceiro lugar, com a extrema-direita”, Catarina Martins pede que “ninguém fique em casa”.
“Vamos ganhar a André Ventura, vamos derrotar a extrema-direita”, apelou, num momento em que todos os presentes se levantaram, agitaram bandeiras e aplaudiram até ao final do discurso.
Comentários