No final de uma reunião com a administração do hospital, Hugo Soares afirmou que o partido irá aguardar pelas análises que estão a ser feitas sobre as causas do surto, mas manifestou já uma certeza.

"O Estado falhou, falhou onde não pode falhar, dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS). As pessoas vêm cá para se curar e, ao contrário, neste caso vieram cá para adoecer, duas até já morreram", lamentou o líder da bancada do PSD.

Hugo Soares, que encabeçou a delegação do PSD que esteve hoje no Hospital São Francisco Xavier, manifestou ainda a solidariedade do partido "com os excelentes profissionais que tudo estão a fazer para que esta situação se possa resolver", desejou rápidas melhoras aos doentes e deixou uma palavra aos familiares das vítimas mortais.

Sobre a necessidade de fazer alterações legislativas, como já defendeu hoje o Bloco de Esquerda, o líder parlamentar do PSD remeteu uma posição para depois de serem conhecidas as causas do surto mas manifestou a convicção de que "a legislação atual é mais do que suficiente".

Hugo Soares recusou ainda que o anterior executivo PSD/CDS tenha acabado com quaisquer auditorias obrigatórias à qualidade do ar interior e à pesquisa de presença de colónias de 'legionella´ em edifícios com climatização.

"Não só as auditorias não acabaram, como a legislação do anterior Governo veio até aprofundar o controlo quanto a surtos de 'legionella'", defendeu, considerando que "chega a ser ridículo" que os partidos de esquerda procurem responsabilizar o Governo anterior por tudo o que de mau acontece no país.

Hugo Soares salientou que, pelas informações que foram prestadas ao PSD pela administração do hospital e elementos da Direção Geral de Saúde (DGS) presentes na reunião, "o surto parece estar em declínio".

"As medidas corretivas que o hospital entendeu tomar poderão ter dado o seu efeito e há a esperança que o surto esteja controlado", afirmou.

O líder parlamentar do PSD reiterou que, apesar de ainda não se conhecerem as causas, fez questão de se deslocar ao hospital "porque esta é uma circunstancia que não deve nunca acontecer".

"É mais uma situação de falhanço do Estado, no núcleo das funções sociais que é o SNS, uma situação em que os utentes do SNS que o deviam usar com confiança sabem que o foco de um surto de 'legionella' é o próprio hospital", lamentou.

Segundo o PSD, as alterações feitas na legislação pelo anterior Governo prenderam-se com a transposição de uma diretiva comunitária sobre questões energéticas que visavam privilegiar a ventilação natural em detrimento da climatização e nada tiveram a ver com as auditorias.

Ainda assim, o líder parlamentar do PSD manifestou-se "muito disponível" para discutir os projetos hoje apresentados pelo BE e os que venham a ser apresentados por outros partidos e que vão no sentido de aumentar a segurança dos cidadãos, mas deixou um alerta.

"Há esta espécie de afã legislativo cada vez que há um problema como se a lei mudasse tudo aquilo que está a acontecer. Não é o caso, a legislação atual é manifestamente suficiente para que situações como esta não aconteçam", defendeu.

O BE entregou hoje dois projetos de lei no parlamento para reforçar a prevenção da contaminação pela bactéria `legionella´, passando um deles por "repor a obrigatoriedade de auditorias à qualidade do ar interior e à pesquisa de presença de colónias de 'legionella' em edifícios com climatização" que, segundo o partido, até às alterações legais de 2013 eram de dois em dois anos.

A 'legionella' é uma bactéria responsável pela doença dos legionários, uma pneumonia grave. A infeção transmite-se por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.

De acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS), o primeiro caso de diagnóstico da doença dos legionários foi confirmado a 31 de outubro no Hospital Francisco Xavier, em Lisboa. Na sexta-feira foram confirmados oito casos, 14 no dia seguinte e quatro no domingo. Na segunda-feira foram confirmados sete casos.

O surto já provocou a morte a duas pessoas e o último boletim da DGS, de hoje de manhã, dava conta de 34 casos confirmados.