Segundo a funcionária, as atualizações dos computadores naquele tribunal ocorrem três vezes por dia, demorando cada uma entre 20 a 30 minutos.

Enquanto decorrem as atualizações, as sessões de julgamento não podem ser gravadas, o que obriga a interrupções.

Hoje, a leitura de um acórdão no Tribunal da Relação de Guimarães foi interrompida, depois de o computador que estava a ser utilizado na sala ter entrado em atualização.

Após uma pausa, a juíza presidente do coletivo optou por prosseguir com a leitura sem gravação.

Um advogado disse que já na segunda-feira tinha presenciado uma situação idêntica num tribunal no Porto.

Na segunda-feira, o Ministério da Justiça (MJ) adiantou que não registou incidentes nos seus serviços causados pelo ciberataque internacional, mas admitiu que se poderia verificar alguma lentidão nas conservatórias devido à instalação de ‘software’ de segurança.

“Não há qualquer incidente provocado pelo ‘malware’ [‘software’ que se infiltra num computador alheio de forma ilícita, causando danos, alterações ou roubo de informações] na rede do Ministério da Justiça”, assegurou o MJ, em resposta à agência Lusa, sublinhando que “todos os sistemas centrais dos tribunais e registos estão a funcionar”.

O MJ referiu contudo que, em algumas conservatórias, face à instalação de ‘software’ adicional de segurança nas máquinas, pode verificar-se “alguma lentidão nos computadores, o que eventualmente se poderá refletir na capacidade de atendimento”.

O MJ salienta que as “medidas de precaução adequadas” foram tomadas ainda na sexta-feira e que foi enviado pelo Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) um e-mail de aviso aos funcionários e colaboradores, assim como a todos os organismos do Ministério da Justiça para divulgação pelos seus funcionários.

O ciberataque lançado na sexta-feira contra vários países e organizações foi de “um nível sem precedentes”, admitiu no sábado o gabinete europeu da Europol.

O ataque informático de grandes dimensões à escala internacional atingiu principalmente empresas de telecomunicações e energia mas também a banca, segundo a multinacional de serviços tecnológicos Claranet.

Entretanto, a Claranet alertou hoje para a possibilidade de novos ciberataques e aconselhou os utilizadores a terem os sistemas atualizados, não abrir anexos desconhecidos e desligar da energia todo o equipamento suspeito de estar infetado.

Este ciberataque já afetou 150 países e 200 mil sistemas informáticos.

Hoje, o Centro Nacional de Cibersegurança desativou o estado de alerta de três dias depois do ciberataque.