"O estado de emergência veio reforçar a vulnerabilidade social e financeira de milhares de cidadãs e cidadãos", começou por considerar a deputada não inscrita, lamentando o facto deste estado excecional servir de "espécie de alvará para despedimentos" em massa, em "desrespeito absoluto" pela legislação.
Joacine deixou ainda críticas ao "uso abusivo" do ‘lay-off’ simplificado e às condições de trabalho de muitos trabalhadores informais, "alguns que fazem parte dos trabalhadores hoje considerados essenciais".
"Essenciais mas que afinal auferiam rendimentos miseráveis, essenciais mas que afinal carecem de reconhecimento social, essenciais mas que afinal lutam pela sobrevivência", sublinhou Joacine Katar Moreira.
A deputada não inscrita voltou a insistir numa das propostas já por si apresentada no parlamento, o apoio aos lares de idosos que não possuem alvará, alegando que "o estado não pode ignorar a existência destas entidades e deve igualmente apoiar".
"Falo ainda de cidadãos que estão a ser neste momento alvo de ordem de despejo e ordens que emanam também de situações de informalidade", continuou a deputada, acrescentando que este estado de emergência veio também revelar desigualdades, "nomeadamente a exclusão digital em que estão milhares de estudantes neste exato momento".
Assim, a deputada anunciou o seu voto contra a renovação do estado de emergência - sobre o qual se tinha abstido há quinze dias - por considerar "urgente que haja um esforço enorme de combate às desigualdades, independentemente da atual situação".
"Não é necessário um estado de emergência para nos unirmos nacionalmente e combatermos a covid-19", concluiu.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 629 pessoas das 18.841 registadas como infetadas.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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