Jerónimo de Sousa, que falava à margem de uma manifestação de apelo à paz na Síria e no Médio Oriente, em Lisboa, sublinhou que os comunistas mantêm a sua posição inalterada, esperando mais “avanços” da discussão orçamental para 2019 com o executivo.
Contudo, acrescentou, a discussão orçamental não tem qualquer influência do Programa de Estabilidade, que fixa diversas metas sobre o défice e a dívida, classificadas como “imposições” europeias à soberania portuguesa.
“Nem desiludido nem iludido [com o primeiro-ministro, António Costa]. Sempre, mas sempre, da parte do PCP foi claro. Ninguém enganou ninguém. Sabíamos dos limites dessa posição conjunta. Tínhamos a consciência da diferença e divergência de fundo em relação à União Europeia e ao euro e à conceção de definir prioridades em relação ao défice e à dívida e não responder a problemas estruturais que temos”, disse Jerónimo de Sousa.
“Não temos nenhum ato de surpresa. A forma como se processou, com aquele destaque, o envolvimento de Rui Rio [presidente do PSD] e António Costa, com ministros e individualidades, o ato em si tem mais de substância do que a matéria de facto”, considerou o líder comunista.
Os comunistas, continuou, fazem “uma leitura” e consideram “que tem significado político aquilo que aconteceu em termos de ato tão majestático”, porém em “nada altera a posição” do PCP, que vai continuar “a lutar pela reposição de rendimentos e direitos dos portugueses e procurar soluções para os problemas do país”.
“Dentro da posição conjunta conhecida, obviamente, não está [em causa o acordo de PCP com o PS]. Vamos entrar brevemente, com certeza, na apreciação da proposta de Orçamento do Estado e quero reafirmar que, da nossa parte, não alteramos a nossa posição de reposição e conquista de direitos porque ainda há muito por fazer, tendo em conta que os avanços verificados e que nós valorizamos são insuficientes e precisam de outras respostas mais de fundo”, afirmou.
Para Jerónimo de Sousa, “os limites dessa convergência [entre PS e PCP]” são “a conceção que cada um tem sobre as imposições da União Europeia e do euro”, matéria onde há divergência e sobre a qual “o PS se entende com o PSD”, não sendo “momento único”, pois, “sempre que precisou, o PS teve o apoio da direita”.
“Em relação à matéria de facto, tendo em conta regionalização e fundos comunitários, não houve novidade nenhuma porque durante décadas sempre PSD e PS se entenderam na forma da sua aplicação”, declarou o secretário-geral do PCP, criticando a ideia de transferir competências para o âmbito local e não as verbas necessárias para o seu desenvolvimento no terreno.
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