No debate parlamentar quinzenal com o primeiro-ministro, António Costa respondeu com ironia à ironia de Jerónimo de Sousa e propôs mesmo mudar a "metodologia de trabalho" entre o executivo, o PS, o BE, o PCP e o PEV - dos atuais contactos separados para reuniões ou encontros "todos ao mesmo tempo".
"Garantiu aqui à deputada Catarina Martins [coordenadora do BE] que será a primeira a saber. Por mim, não me importo de ser o último, mas que os primeiros sejam esses trabalhadores, que estão à espera de uma resposta concreta porque foi o Governo quem lhes criou as expectativas", afirmou Jerónimo de Sousa, que interveio após o diálogo entre Costa e a líder bloquista.
O PCP tem vindo a defender pensões de reforma sem quaisquer penalizações, nem por antecipação nem pelo denominado fator de sustentabilidade, para as pessoas com 60 anos e 40 anos de descontos para a Segurança Social, enquanto o executivo socialista, em 2017, só admitiu a meta dos 60 anos e 46 de descontos anos.
"Eu ainda corrigi - que [Catarina Martins] seria das primeiras' [a saber]. Já estava a olhar para o olhar fulminante do deputado Carlos César [líder parlamentar socialista] que, às vezes, não gosta que se ache que falamos mais com o PCP, PEV e BE do que com o PS... Mas o deputado Jerónimo de Sousa será também, seguramente, dos primeiros a saber da nossa posição", assegurou António Costa ao líder do PCP.
O primeiro-ministro e secretário-geral do PS sugeriu em seguida: "se [Jerónimo de Sousa] quiser até alterar a metodologia de trabalho e sabermos todos ao mesmo tempo, pela minha parte, totalmente disponível".
"Nunca fui eu que contrariei ou insisti numa metodologia de trabalho", afirmou o chefe de Governo, referindo-se à imposição do PCP do diálogo em separado, desde a negociação e posterior assinatura das posições conjuntas, em novembro de 2015.
António Costa, em relação "à justiça" face às longas carreiras contributivas, sublinhou haver o "compromisso" por parte do Governo para "continuar a dar os passos seguintes", os quais "nunca podem desacompanhar a necessidade de manter e assegurar a sustentabilidade futura do sistema da Segurança Social, que é a maior garantia contra a ofensiva das direitas. Não podemos romper esse caminho".
"Não me importo de não estar na fila da frente, mas transmita àqueles que nos estão a ouvir e são muitos... Logo, possivelmente, alguns vão dizer-me que ‘o homem [primeiro-ministro] não se chegou à frente'", insistiu Jerónimo de Sousa, embora sem obter mais detalhes sobre o assunto por parte de Costa.
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