Mais de 6.000 pessoas estiveram reunidas em Nippon Budokan, no centro de Tóquio, para uma cerimónia oficial anual, a qual contou com a presença do imperador Akihito, que discursou sobre o término da guerra.
"Sinto novamente uma profunda tristeza relembrar todos aqueles que perderam a vida, assim como as suas famílias. E, ao mesmo tempo que sinto profundos remorsos, desejo sinceramente que os estragos da guerra nunca mais voltem a acontecer", afirmou.
O imperador, filho de Hirohito que reinava no Japão no período da guerra, usou pela primeira vez a expressão "profundos remorsos" em 2015, data em que o fim da guerra completou 70 anos.
Quase 3,1 milhões de japoneses, incluindo 800.000 civis, morreram durante o conflito, sendo que os países vizinhos do Japão responsabilizam o exército imperial nipónico.
O Japão foi obrigado a render-se após os bombardeios atómicos norte-americanos de Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto), que fizeram mais de 210.000 mortos.
"Os horrores da guerra não se podem repetir. Vamos continuar a utilizar todas as nossas forças em serviço da paz no mundo", disse o primeiro-ministro Shinzo Abe.
Apesar do discurso, os críticos de Abe acusam-no de querer modificar a Constituição pacifista que nunca foi alterada desde que entrou em vigor há 70 anos. O artigo 9 da Carta Magna, redigida pelos Estados Unidos, estabelece a renúncia do país à guerra como meio para solucionar conflitos internacionais.
Ao mesmo tempo, a ex-ministra da Defesa Tomomi Inada, conhecida pelas suas posições nacionalistas, assim como outros parlamentares e personalidades, visitaram nesta terça-feira o santuário patriótico Yasukuni de Tóquio, em memória das vítimas do conflito.
Esta iniciativa, tal como aconteceu em outras ocasiões, pode provocar algum constrangimento à China e à Coreia do Sul.
Local de culto xintoísta, Yasukuni Jinja homenageia as 2,5 milhões de pessoas que morreram pelo país, incluindo 14 japoneses que os Aliados condenaram como criminosos de guerra no final do conflito.
Os nomes desses condenados foram incluídos nos registos do santuário — às escondidas — em 1978. O gesto, divulgado publicamente mais tarde, foi considerado como sendo um ato imperdoável pelos países vizinhos.
Quanto a Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês, limitou-se a fazer uma doação, como é habitual em cada sinalização de uma data histórica importante.
A expansão militar do Japão entre 1910 e 1945 ainda abala as relações do país com vários países asiáticos.
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