O ex-primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak, afirmou numa entrevista ao The Guardian de que prevê que Telavive irá ordenar um ataque aéreo em grande escala contra a indústria petrolífera iraniana e, possivelmente, um ataque simbólico a um alvo militar relacionado com o seu programa nuclear.
O ex-governante diz não ter dúvidas de que Israel irá responder militarmente ao Irão após o ataque de terça-feira, quando Teerão ordenou o envio de mais de 180 mísseis balísticos contra o seu território — mesmo que a maioria tenha sido intercetada. “Israel tem uma necessidade imperiosa, ou mesmo um imperativo, de responder. Penso que nenhuma nação soberana na Terra poderia deixar de responder”, afirma.
Barak adianta então que a resposta ao Irão poderá ser semelhante aos ataques feitos contra os Houthi do Iémen, no domingo, com bombardeamentos sobre instalações petrolíferas, centrais eléctricas e docas controladas pelo grupo rebelde no porto iemenita de Hodeidah. Tais atos ocorreram depois dos Houthi lançarem mísseis contra o aeroporto internacional de Israel, nos arredores de Telavive.
No entanto, o também antigo ministro da Defesa, ministro dos Negócios Estrangeiros e chefe do Estado-Maior do Exército de Israel sugere que o país também pode aproveitar para bombardear as instalações nucleares do Irão, uma ação que considera "simbólica", já que teme que isso não vá atrasar significativamente o programa nuclear iraniano.
Barak acredita haver pressão junto do governo de Benjamin Netanyahu para que seja feito pelo menos um ataque simbólico contra o programa iraniano, apesar de considerar esse gesto fútil. “É possível causar alguns danos, mas mesmo isso pode ser entendido por alguns dos planeadores como um risco que vale a pena, porque a alternativa é ficar de braços cruzados e não fazer nada”, disse Barak. “Por isso, é provável que haja mesmo uma tentativa de atingir certos alvos nucleares.”
Na mesma conversa, o ex-governante concede que é inevitável a resposta ao Irão, mas atira que uma potencial guerra regional poderia ter sido evitada muito mais cedo. Para tal, Netanyahu tinha de ter aceitado o plano promovido pelos EUA para reunir o apoio árabe a um governo palestiniano pós-guerra em Gaza para substituir o Hamas.
“Houve provavelmente várias oportunidades para limitar este conflito antes que se transformasse em algo como um confronto em grande escala no Médio Oriente. Por razões que não podem ser explicadas por nenhum pensamento estratégico, Netanyahu rejeitou qualquer tipo de discussão sobre o que chamamos de “o dia seguinte”.
Apesar de atribuir a culpa dos atuais conflitos ao Hamas, ao Hezbollah e ao Irão, Barak diz que Israel tem "a responsabilidade de agir de acordo com uma certa lógica inata que compreende a situação, a oportunidade e os constrangimentos. Há um velho ditado romano que diz: 'Se não souberes a que porto queres chegar, nenhum vento te levará até lá'”.
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