O grande auditório do Núcleo Central do Taguspark, em Porto Salvo, foi pequeno para as centenas de pessoas que quiseram assistir à tomada de posse do novo presidente da Câmara de Oeiras, tendo sido colocado um ecrã gigante no exterior para os que não tiveram lugar puderem acompanhar a cerimónia.
Trinta minutos depois da hora marcada, às 18:30, Isaltino Morais entrou na sala, merecendo um longo aplauso de pé de todo o auditório. Chamado para ocupar o último lugar vago na mesa do executivo, o de presidente, Isaltino Morais cumprimentou todos os vereadores, e em primeiro lugar o seu antigo braço direito e grande adversário nas últimas eleições, Paulo Vistas.
Seguiram-se as intervenções de todas as forças partidárias eleitas e Isaltino Morais foi o último a falar, já passava das 20:30.
“É preciso ouvir, olhar nos olhos, é preciso que os políticos se preocupem verdadeiramente e tenham respostas concretas para os cidadãos. Sou presidente de todos os oeirenses e prometo ouvir a todos e a todos servir. Um novo ciclo de desenvolvimento vai nascer agora em Oeiras”, afirmou.
Isaltino Morais, que foi condenado e cumpriu pena de prisão por fraude fiscal, falou do seu passado e da sua “dedicação à causa pública”.
“Durante os anos complexos que vivi, e de todos conhecidos, tudo ou quase tudo foi possível apontar-me. Tenho sido publicamente identificado com epítetos que ofendem a minha honra e dignidade pessoal a que estoicamente tenho resistido, com tranquilidade de consciência. Dedico-me à causa pública há mais de 30 anos. Nunca cometi nenhum ato lesivo do interesse público, nem um ato lesivo do interesse público foi encontrado na minha conduta nestes mais 30 anos”, afirmou.
O autarca assumiu ser “católico e maçon” e que não esconde as suas opções.
“Quero com isto dizer que vivo de acordo com regras conhecidas por todos quantos as querem conhecer. Vivo respeitando os imperativos éticos centrais da civilização judaico-cristã. Sou um homem de honra e de palavra”, sublinhou.
Dos vários objetivos previstos no seu mandato, Isaltino Morais prometeu dar continuidade ao SATU (metro de superfície encerrado por ordem do anterior Governo PSD/CDS-PP devido a problemas financeiros) e retomar o Combus [carreiras urbanas intra-freguesias de cariz social].
Isaltino Morais disse ainda estar “democraticamente aberto a receber propostas de todos” e lamentou, em jeito de provocação, que Heloísa Apolónia, eleita pela CDU, não quisesse aceitar pelouros na autarquia.
“Que pena que a senhora vereadora prefira o cargo da Assembleia da República e não queria estar aqui a tempo inteiro. Gostei da sua garra. Que pena que não queira aceitar pelouros”, desafiou Isaltino, motivando risos na sala e da própria Heloísa Apolónia.
Nas intervenções da oposição, o movimento Independentes, Oeiras Mais à Frente (IOMAF) de Paulo Vistas, foi representado por Domingos dos Santos que culpou a ‘troika’ de ter impedido o executivo de fazer mais trabalho em Oeiras e prometeu apoiar propostas que fossem ao encontro dos interesses dos munícipes.
Heloísa Apolónia (CDU) prometeu “oposição”, Joaquim Raposo (PS) admitiu “consensos” e Ângelo Pereira (PSD/CDS-PP/PPM) apelou à “união”.
No passado dia 01 de outubro, Isaltino Morais foi eleito presidente da Câmara de Oeiras com maioria absoluta (41,68%, seis mandatos), seguindo-se o IOMAF (14,19%, dois mandatos), PS (13,41%, um mandato), PSD/CDS-PP/PPM (8,73%, um mandato) e CDU (7,84%, um mandato).
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