No comunicado divulgado pela organização não-governamental (ONG) Ceres, 230 investidores – incluindo a Amundi, maior gestora de recursos da Europa e que figura entre os 10 maiores gestores do mundo – afirmaram que acompanham com grande preocupação o aumento da “desflorestação e queimadas no Brasil e na Bolívia”.
“Estamos preocupados com o impacto financeiro que a desflorestação pode ter sobre as empresas investidas, aumentando potencialmente os riscos de reputação, operacionais e regulatórios. Considerando o aumento da desflorestação e os recentes incêndios na Amazónia, estamos preocupados com o facto de as empresas expostas (…) enfrentarem dificuldades crescentes para aceder aos mercados internacionais”, diz o comunicado.
“Como investidores, que têm o dever fiduciário de agir no melhor interesse a longo prazo de nossos beneficiários, reconhecemos o papel crucial que as florestas tropicais desempenham no combate às mudanças climáticas, na proteção da biodiversidade e na manutenção dos serviços ecossistémicos”, refere o texto, subscrito por fundos de 30 países, publicado no ‘site’ da Ceres.
Os investidores que administram aquele valor (14,5 biliões de euros) pedem às empresas nas quais aplicam capitais que apresentem uma política contra a desflorestação, com compromissos claros que abranjam toda a sua cadeia de fornecimento dos seus produtos.
O comunicado frisa que, embora várias centenas de empresas se tenham comprometido a acabar com a desflorestação impulsionada por ‘commodities’ (mercadorias) até 2020, “estudos recentes indicam que muito poucas companhias estão no caminho certo para alcançar esse objetivo”.
Os investidores pedem que as empresas estabeleçam um sistema de monitorização para que os fornecedores cumpram essa política de não desflorestação.
Outra exigência é a divulgação de relatórios anuais sobre a exposição ao risco de desflorestação e os progressos feitos por cada empresa.
O grupo de 230 instituições investidoras reúne bancos como o BNP Paribas e grandes fundos de pensão, como o sistema de aposentação dos funcionários públicos da Califórnia, Estados Unidos.
O Brasil registou 4.935 focos de queimadas na Amazónia brasileira nos oito primeiros dias de setembro, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Inpe anunciou ainda que a desflorestação da Amazónia aumentou 222% em agosto, em relação ao mesmo mês de 2018.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, incluindo territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
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