Os sociais-democratas pretendem que João Gomes Cravinho seja ouvido na Comissão de Defesa Nacional relativamente ao facto de apenas uma parte dos meios aéreos do dispositivo de combate a incêndios estarem operacionais.
Em comunicado divulgado hoje, o partido indica que “a fase de reforço de meios ‘nível II’ de acordo com o estabelecido no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) iniciou-se ontem [quarta-feira] e dos 38 meios aéreos que deveriam estar disponíveis faltavam 17 aeronaves”.
O PSD lembra também que o ministro disse que a disponibilização das 17 aeronaves atualmente em falta “depende do cumprimento do Código dos Contratos Públicos e da emissão do visto prévio do Tribunal de Contas para cada um dos contratos”.
Na quarta-feira, o PSD enviou “um conjunto de questões, quer ao ministro da Administração Interna, que é o responsável político deste dispositivo, quer ao senhor ministro da Defesa, a perguntar afinal quantos meios e onde é que estão os meios à disposição dos bombeiros”, adiantou aos jornalistas o deputado Duarte Marques.
Já na audição de hoje do chefe de Estado Maior da Força Aérea (CEMFA), general Joaquim Borrego, o grupo parlamentar social-democrata “voltou a colocar a questão da disponibilidade de meios aéreos para esta fase do combate aos fogos rurais mesmo sabendo que o CEMFA não terá uma responsabilidade nesta matéria”.
“Tendo em conta as respostas obtidas nesta audição e as notícias vindas a público em diversos órgãos da comunicação social, o grupo parlamentar do PSD não pode deixar de afirmar a sua preocupação perante os atrasos que se verificam na preparação da próxima época de incêndios florestais, nomeadamente, no que diz respeito ao envolvimento dos meios aéreos e aos atrasos verificados no envio dos contratos para o Tribunal de Contas [TdC]”, salienta o comunicado hoje divulgado.
Na quarta-feira, o ministro da Defesa negou que exista qualquer contradição com o TdC em relação aos contratos dos meios aéreos de combate aos incêndios, garantindo que todas as aeronaves estarão disponíveis na fase mais crítica.
“É uma questão de ‘timing’ e horas e não há uma contradição de fundo, [com o Tribunal de Contas]”, afirmou aos jornalistas João Gomes Cravinho, à margem de uma cerimónia comemorativa do 45.º aniversário da Associação de Deficientes das Forças Armadas.
Num comunicado hoje enviado, o TdC indicou que aguarda uma resposta da Força Aérea sobre o pedido de esclarecimento ao contrato relativo dos três helicópteros ligeiros do Estado de combate a incêndios rurais, sublinhando ainda que deu entrada naquele tribunal “apenas um contrato relativo” aos meios aéreos de combate a incêndios”.
João Cravinho sublinhou que houve um “desfasamento do tribunal entre uma coisa e outra, tendo os contratos dado entrada “quando o tribunal estava a emitir o comunicado”.
Para o PSD, Gomes Cravinho “procurou imputar ao TdC a responsabilidade destes atrasos, afirmando que os contratos já estavam na posse” daquele tribunal.
“Ora, isso não correspondia à verdade tal como se verificou no comunicado do próprio tribunal dando conta que à hora das declarações do senhor ministro apenas tinha entrado no TdC um contrato relativo aos meios aéreos para combate a incêndios”, aponta.
Os sociais-democratas consideram que “isto é especialmente grave”, uma vez que João Gomes Cravinho “não pode ocultar a verdade aos portugueses sobre uma matéria tão sensível como esta nem imputar ao TdC uma responsabilidade que este manifestamente não tem em todo este processo”, salientam.
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