Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas à saída de uma audiência com a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, cujo tema central foi o “flagelo dos incêndios” e o papel do Ministério Público nas investigações criminais em curso e nas consequências sociais e económicas que provocaram no norte e centro do país.
“Verificou-se um esforço concentrado do Ministério Público para dar uma resposta imediata no plano da investigação”, disse.
A concentração de meios na investigação dos incêndios, revelou, segundo o dirigente comunista, a carência de magistrados, a falta de quadros da Polícia Judiciária e de pessoal no setor administrativo que necessita de respostas “no plano orçamental”.
“Sem quadros não há uma resposta cabal. Estamos na fase de discussão do Orçamento do Estado e há necessidade de responder a essa emergência e a essa urgência que resulta dessa tragédia”, acrescentou.
Na conversa foram também abordadas as competências do Ministério Público em relação às questões sociais provocadas pelos incêndios, nomeadamente a proteção dos trabalhadores das empresas destruídas, a proteção de menores, as consequências para as crianças vítimas do drama dos incêndios.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos maioritariamente nos distritos de Coimbra, Viseu e Guarda e cerca de 70 feridos, continuando desaparecidas duas pessoas.
A GNR e a PJ já detiveram mais de cem pessoas suspeitas do crime de fogo posto.
Os últimos dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indicam que os incêndios que deflagram a 15 de outubro consumiram 190.090 hectares de floresta, quase metade (45%) da área ardida deste ano, contabilizada em 418.087 hectares, o segundo pior ano depois de 2003.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
[Artigo atualizado às 14:22]
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