"Tem de ser este Governo, tem de ser agora, temos de recuperar o Pinhal de Leiria. Precisamos de o recuperar e precisamos de compreender que recuperá-lo significa ter um plano de reflorestação e um plano para os solos, já", disse Catarina Martins aos jornalistas, em Vieira de Leiria, numa visita àquele espaço natural destruído em cerca de 80% por um incêndio que eclodiu a 15 de outubro.
"O Pinhal de Leiria é pinhal público e há responsabilidade de responder já de uma forma imediata", adiantou.
Nesse sentido, a porta-voz do BE anunciou a entrega, hoje, no parlamento, de um projeto de resolução que recomenda ao Governo diversas medidas de intervenção prioritárias no Pinhal de Leiria.
Segundo Catarina Martins, recuperar o pinhal de Leiria "não é cortar as árvores e ficar de braços cruzados e ficar a ver o que é que aqui cresce".
"Não podemos esperar que o pinhal vá crescer sozinho, se deixarmos crescer sozinho vão crescer eucaliptos", ilustrou.
Alegou que o BE defende um pinhal "seguro, onde as famílias possam voltar a fazer piqueniques, voltar a sentir-se bem, a apanhar camarinhas [espécie de baga], tudo o que é típico desta zona e não há mais sítio nenhum, mas de uma forma segura".
Por outro lado, o BE defende a proteção da água das cinzas do incêndio "ou seja, garantir que depois do desastre ambiental dos incêndios não vem um novo desastre ambiental com as cinzas".
"E são precisos já meios de prevenção. Há cerca de meia centena de casas de guardas-florestais no Pinhal de Leiria, boa parte delas desabitadas, abandonadas ou degradadas e não há vigilância", argumentou a líder do BE, lembrando que até ao incêndio de 15 de outubro o espaço possuía cerca de 4 milhões de euros de receitas anuais associadas "e apenas seis por cento destas receitas são reinvestidas no Pinhal de Leiria e na sua segurança".
"E isto tem de mudar", afirmou, defendendo a recuperação das casas dos guardas-florestais e a vigilância da floresta.
Na ocasião, Ricardo Vicente, engenheiro agrónomo e assessor do Bloco de Esquerda para a área da floresta, disse que as medidas que o partido defende para serem implementadas imediatamente no Pinhal de Leiria previnem a erosão dos solos e o arrastamento das cinzas como forma de proteção dos lençóis freáticos.
"Coisas que deveriam estar a acontecer imediatamente, deveria ser o corte de uma parte substancial destas árvores e a sua colocação segundo as curvas de nível do solo, de forma a criar zonas de retenção das cinzas", explicou Ricardo Vicente.
Disse que os pinheiros que arderam "vão ter de ser maioritariamente cortados", mas avisou que não podem ser retirados "de uma vez só", para proteger aquela zona da erosão pela chuva e vento, nem reflorestar de uma só vez porque senão ter-se -á uma mata que cresce em continuidade e não se gera uma fragmentação dos combustíveis".
Para além da plantação faseada, o engenheiro agrónomo defendeu que seja feita "com espécies diferentes", abdicando da monocultura de pinheiro.
"Nós não desejamos reconstruir o pinhal de Leiria como era porque era uma grande mata de monocultura. É necessário que seja diversificado", frisou.
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