O presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, disse à agência Lusa que as obras do novo cais da ilha de Tavira devem arrancar após o verão e que essa estrutura de apoio à náutica de passageiros e marítimo-turística pode ser uma realidade já em 2018, depois de a Sociedade Pólis Litoral da Ria Formosa ter lançado o concurso para a intervenção, no valor de 2,5 milhões de euros, dos quais 625 mil comparticipados pelo município.
Mas esta informação do autarca foi recebida com ceticismo por Jacinto Pereira, proprietário de uma empresa (Sinildo) que faz transporte por “ferry” para a ilha de Tavira de meia em meia hora, e Rúben Gonçalves, trabalhador de uma empresa que opera pequenas embarcações marítimo-turística, que disseram já ouvir promessas sobre um novo cais há muitos anos, sem nada se concretizar.
Ambos lamentaram a falta de condições com que operam diariamente para fazer o transporte entre o cais da zona ribeirinha de Tavira, as Quatro Águas, e a ilha de Tavira, e contaram à Lusa as dificuldades por que passam para garantir o transporte regular de passageiros para uma das principais zonas balneares do concelho de Tavira, em pleno verão.
Jacinto Pereira disse que ouve falar do novo cais há muitos anos, criticou a falta de condições para embarcar pessoas com mobilidade reduzida e ironizou que, como “o embarque é feito pelas escadas, pelos degraus, um deficiente não tem hipótese de ir à ilha de Tavira”.
“Operamos com muita dificuldade. Quando a água está alta ainda conseguimos trabalhar, não digo a 100%, mas quase a 100%, mas quando a água está baixa é um bocado difícil”, afirmou Jacinto Pereira, que gastou um milhão de euros numa embarcação com capacidade para 300 pessoas e já tem “embarcado muito menos para conseguir chegar ao cais” e evitar bater no fundo devido ao assoreamento.
Rúben Gonçalves também disse que a construção de um novo cais é uma possibilidade que “já se fala há imenso tempo”, mas frisou que foram “só meras promessas” que “até agora não chegaram a concretizações”.
“Operar aqui, hoje em dia, tem sido uma grande guerra, é uma luta todos os dias, porque apanhamos qualquer tipo de cliente e não fazemos distinção entre as pessoas, mas há pessoas com uma mobilidade mais reduzida, de cadeira de rodas, muletas ou canadianas, e por vezes não é fácil embarcar e desembarcar essas pessoas, seja no cais em Tavira, mas quem diz em Tavira, diz Quatro Águas ou Ilha de Tavira”, criticou.
Questionado sobre a forma como se faz o embarque, Rúben Gonçalves respondeu que “é feito com a máxima cautela, o máximo cuidado, na escadaria em Tavira”, que, “por vezes, com a subida e descida da maré, se encontra muito escorregadia”, e lamentou que colegas seus já tenham sofrido acidentes e magoado de “forma séria e grave a trabalhar naquela escadaria”.
“Até hoje, com clientes ainda não aconteceu, esperemos que não aconteça até essas grandes obras avançarem, mas todos os dias é uma grande luta e uma complicação, andamos a trabalhar sempre de coração nas mãos, com receio de que alguém se possa magoar e depois quem vai prestar contas disso”, afirmou.
Os dois operadores de transportes marítimos em Tavira reagiram assim ao anúncio do presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, de que a “Sociedade Pólis já abriu o concurso” para o novo cais da ilha de Tavira.
“O cais da ilha de Tavira, que recebe milhares e milhares de pessoas todos os anos, temos a expectativa de que, mal acabe o verão, mais para o fim do ano, ele possa entrar em obra e, no próximo verão, já tenhamos um cais completamente novo”, anunciou o autarca Jorge Botelho.
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