A belga Catherine de Bolle falava em conferência na sede da Polícia Judiciária (PJ) a propósito de uma vista a Lisboa, onde manteve contactos com os chefes de polícia portugueses para debater a cooperação com a Europol e ouvir as expectativas daqueles responsáveis antes da realização da Convenção Anual de Polícia Europeus, de que a Europol será anfitriã ainda este ano.
Questionada sobre o terrorismo na Europa, Catherine de Bolle reconheceu que "Portugal é um Estado seguro" e que o terrorismo não é a principal preocupação do país.
"Não penso que o terrorismo seja o vosso principal problema", disse a direrora executiva da Europol, observando, porém, que Portugal está envolvido na luta contra o terrorismo e na partilha de informações, a nível europeu, para prevenir o fenómeno.
Catherine de Bolle aproveitou para elogiar a ação da Unidade de ContraTerrorismo da PJ na investigação que envolveu o grupo de motociclistas Hells Angels e seus apoiantes, uma operação que classificou de "frutuosa" e que teve a colaboração da Europol e de outros países europeus.
No dia 11 de julho, a Polícia Judiciária deteve 58 elementos daquele grupo, dos quais 39 ficaram em prisãpo preventiva por indícios de associação criminosa, tentativa de homicídio, ofensa à integridade física, posse e tráfico de armas proibidas e tráfico de droga.
Um 59.ª elemento foi detido na Alemanha.
A diretora executiva da Europol sublinhou que conta com o auxílio de Portugal na luta contra a criminalidade organizada, em especial o tráfico de pessoas, a cibercriminalidade e o tráfico de droga.
Quanto ao tráfico de seres humanos, a diretora da Europol admitiu que é "muito importante proteger as fronteiras europeias", mas sublinhou que o mais importante é desmantelar as redes organizadas e deter os traficantes de pessoas, notando que esse tráfico envolve também crianças.
Referiu ainda que o tráfico de pessoas aparece muitas vezes associado à criminalidade relacionada com o abuso sexual e com o trabalho escravo e apelou a um maior investimento dos países europeus na investigação do tráfico de seres humanos e no esforço de levar tais criminosos a tribunal.
Catherine de Bolle falou da importância do Centro Europeu contra o Tráfico de Pessoas e da partilha de informação entre as polícias europeias para enfrentar esta criminalidade sem fronteiras.
Instada a pronunciar-se sobre a questão das migrações para a Europa, os indocumentados que chegam diariamente aos aeroportos e a necessidade de efetuar um controlo à chegada, a diretora da Europol apontou para a importância de num futuro próximo a Europa apostar e investir nos dados biométricos, por forma a determinar realmente quem entra no espaço europeu.
Catherine de Bolle justificou que a Europol não se pronuncia sobre "questões políticas" ao ser-lhe pedida um comentário ao facto de Portugal estar a reter ou deter crianças no aeroporto de Lisboa porque estas chegaram a território nacional acompanhadas de imigrantes adultos indocumentados, numa ação de fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que visa prevenir o tráfico de pessoas e crianças para a Europa.
A diretora executiva da Europol diz que uma das suas prioridades naquele cargo é melhorar o intercâmbio de informações entre todas as autoridades competentes da Europa, congratulando-se, nessa perspetiva, com a criação pelas autoridades portuguesas, em fevereiro último, do Ponto Único de Contacto para a Cooperação Policial Internacional.
Catherine de Bolle visitou as instalações da PJ na companhia do diretor nacional desta polícia, Luís Neves.
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