“Não precisamos de habitação daqui a cinco ou sete anos, precisamos para agora. Mas não vale a pena dizer que a habitação vai estar resolvida para o ano. Seria um disparate”, afirmou Paulo Macedo, na conferência “Portugal 2030: Futuro Estratégico para o Setor da Construção", organizada pela AICCOPN - Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas.

A CGD lembrou que existe um duplo problema na habitação, uma vez que são necessárias casas para os jovens, mas também para os imigrantes, numa altura em que a oferta é pequena e a procura aumenta.

Paulo Macedo indicou que em alguns concelhos, como Sintra, os imigrantes representam 25% da população.

“Ou essas pessoas têm uma vida condigna ou haverá aqui um problema mais sério”, avisou.

Para Paulo Macedo esta pressão não vai desanuviar tão depressa e a reconversão de projetos de escritórios ou zonas comerciais em habitação pode ser uma solução mais ágil, neste momento.

Já no que se refere ao financiamento residencial, o presidente da Comissão Executiva da CGD disse que não tem faltado, precisando que, no ano passado, o banco somou cerca de 4.100 milhões de euros em financiamento à habitação.

No que diz respeito ao financiamento à construção no setor privado, verificou-se uma redução a seguir à crise financeira e depois uma recuperação.

Em matéria de grandes infraestruturas, a CGD mostrou-se disponível para o financiamento, assegurando que tem dos maiores fundos próprios.

Ainda assim, ressalvou que são necessários projetos atrativos e equilibrados.

“Há vontade de financiar não só na Caixa, mas também noutros bancos. Achamos que esta vontade se está a materializar”, rematou.

Na mesma sessão, o presidente executivo da Mota-Engil – Engenharia e Construção, Carlos Mota Santos, defendeu que a construção tem falta de mão-de-obra, mas também de previsibilidade, sublinhando uma maior abertura do Governo para falar sobre imigração com este setor.

Carlos Mota Santos lembrou que uma parte das empresas do setor desapareceu com a crise financeira. Por outro lado, à data, as empresas não tinham planeado e executado o seu plano de internacionalização e viviam numa altura de “fortíssimo investimento em infraestruturas em Portugal”.

Com isto, verificou-se uma fuga de recursos humanos e o “advento das 'low-cost'” ajudou, assinalando que é mais fácil ir e vir para a Europa do que para parte do Alentejo.

Acresce um desinvestimento na formação e um ‘gap geracional’.

Para a Mota-Engil, são necessários planos de curto, médio e longo prazo para resolver estas questões.

A curto prazo, conforme apontou, a solução deverá passar pela imigração, “com critério e qualidade”, assinalando a abertura do Governo para discutir estas matérias com o setor.

O presidente executivo da Mota-Engil referiu que muitas empresas têm capacidade de recrutamento para responder às lacunas do mercado nacional, garantindo, no caso desta construtora, o posto de trabalho, habitação e, quando necessário, a viagem de repatriamento.

Já a médio e longo prazo é necessário olhar para a natalidade e para a formação, “retomando o conceito de escolas profissionais”.

Por último, a Mota-Engil acredita ser importante que o setor ganhe dimensão e aproveite a onda de investimento público que vai acontecer nos próximos anos.