Alguns analistas chamam a atenção para inconsistências nos documentos que deveriam levar o ocidente a tratar com precaução esta fonte de informação. Os documentos, recorde-se, são um lote de questionários que o EI apresenta aos candidatos a jihadistas durante o processo de recrutamento, e deles constam milhares de dados pessoais - nomes, identificação dos angariadores, entre outros - que, caso se confirme a sua autenticidade, seriam uma minha para os serviços secretos dos países que combatem o EI.
Autoridades alemãs consideram informação "provavelmente verdadeira"
As autoridades britânicas e alemãs examinaram esta quinta-feira a lista dos formulários. A polícia federal alemã considerou que a informação sobre os jihadistas alemães "é provavelmente" verdadeira, enquanto Londres se limitou a manifestar que estava a analisar os documentos.
"Assumimos que é altamente provável que se trate de documentos verdadeiros", disse o porta-voz da polícia federal alemã, Markus Koths. Uma porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse à imprensa: "o importante agora é que as autoridades vejam de que maneira podem usar esta informação na luta contra o Daesh (acrónimo árabe para o grupo EI)". Richard Barrett, ex-diretor de operações antiterroristas mundiais do MI6, os serviços de inteligência britânicos, disse que a divulgação destes dados é "um golpe fantástico". "Será uma autêntica mina de ouro de informação de enorme significado e interesses para muita gente, em particular para os serviços de inteligência e segurança", disse Barrett.
Dúvidas sobre a lista
O site Zaman al-Wasl, da oposição síria, assinalou que há milhares de repetições, e que no total de 22 mil documentos só se conseguem identificar 1700 pessoas. Há também incoerências no que toca à linguagem usada - como o nome árabe da organização, que aparece escrito de duas formas diferentes, e o uso da expressão 'data de morte' em vez de 'martírio', termo habitual no jihadismo. Também o logótipo do EI é, em alguns dos questionários, diferente do habitual.
Isso não implica que todos os documentos sejam falsos. Wassim Nasr, jornalista especializado em jihadismo, diz à AFP que é possível que pelo menos alguns dos documentos não sejam verdadeiros, o que no limite pode dever-se a uma tentativa de subir o seu valor para potenciais compradores.
A investigadora Dalia Ghanem-Yazbeck lança a hipótese de estas incongruências se deverem ao facto de em 2013, data da maioria destes documentos, a burocracia do EI estar ainda a dar os primeiros passos.
Em Portugal, a PJ já fez saber que está a analisar a lista para verificar se há nomes relacionados com Portugal ou interesses portugueses.
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