Na quarta-feira, os serviços de saúde da Madeira informaram que foi confirmado, nessa região, um caso importado de lepra com origem no Brasil.

A nota divulgada pela Direção Regional da Saúde do arquipélago adiantava tratar-se de uma mulher, adulta, que reside na região autónoma desde janeiro de 2022.

Depois desta notícia, os alarmes soaram.

Afinal ainda há lepra?

Embora se fale menos, a verdade é que continua a existir — e é designada de doença de Hansen. Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), "a doença é erradicada em Portugal e os casos reportados anualmente são sempre casos importados, numa média de dois a seis casos por ano.

Quanto ao Brasil, este é um país onde esta doença "ainda é endémica, com vários casos reportados anualmente".

Todavia, esta doença não se propaga tão facilmente, pelo que não implica isolamento. Quando identificada a lepra, o tratamento é considerado muito eficaz e apenas é necessária atenção no caso de contactos muito próximos e prolongados.

Atualmente, quantos casos existem em Portugal?

Além do caso da Madeira, foi noticiado um outro no Porto.

A DGS confirmou também que, entre março e abril, foram identificados apenas dois casos importados da doença, em "indivíduos originários do Brasil".

"Os casos foram reportados no contexto da suspeita clínica e no contexto da origem de zonas endémicas, tendo já iniciado o tratamento adequado", foi garantido.

Há motivos para preocupação?

O ministro da Saúde trouxe, esta sexta-feira, uma mensagem de sossego. "Os casos estão a ser acompanhados com absoluta normalidade e as autoridades estão a tentar identificar se, na origem dessas pessoas, vieram outras pessoas que tenham a doença. Não há nenhum motivo de alarme", disse Manuel Pizarro.

Questionado pelos jornalistas sobre os casos de doença de Hansen com origem no Brasil, o ministro insistiu que "não há motivos de preocupação clínica".

Manuel Pizarro disse que "ao contrário do imaginário que as pessoas têm, a lepra não tem grande risco de contagiosidade", mas admitiu que "nestas circunstâncias são sempre emitidas recomendações e chamadas de atenção" aos profissionais de saúde.

"Foi possível, quer no contexto clínico, quer no contexto das autoridades de saúde pública, a identificação e acompanhamento dos casos. Temos de compreender que no mundo moderno, com a globalização e facilidade das pessoas se deslocarem de um sítio para o outro, que vai haver doenças que não estávamos habituados a ver na nossa sociedade a aparecerem", analisou.

O ministro saudou ainda a ação dos profissionais de saúde e das autoridades de saúde pública e disse que "o importante é que estejam preparados para tratar os casos", bem como para "tomar as medidas de saúde pública que são adequadas".

*Com Lusa