
O comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, viaja, na segunda-feira, para Washington, onde se vai reunir com a administração de Donald Trump sobre as recentes tarifas impostas à União Europeia (UE). |
"Podemos confirmar, oficialmente, que o comissário Sefcovic viajará para Washington na segunda-feira", avançou hoje um porta-voz da Comissão Europeia à agência espanhola EFE.
Maros Sefcovic deverá reunir-se com membros da administração Trump, nomeadamente com o secretário do Comércio, Howard Lutnick, o representante do Comércio dos EUA, Jamieson Greer, e com o principal conselheiro económico do Presidente norte-americano, Kevin Hassett.
O comissário europeu do Comércio vai também participar, na quarta-feira, num evento organizado pelo Amercian Enterprise Institute (AEI) para falar sobre a cooperação entre a UE e os EUA em áreas como o comércio e a segurança.
Washington anunciou tarifas para todas as exportações de alumínio e aço de países terceiros para os EUA, que entram em vigor em 12 de março.
A Comissão Europeia já garantiu que vai responder com contramedidas às tarifas alfandegárias, que considera "más para as empresas e piores para os consumidores".
"As tarifas são impostos, más para as empresas, piores para os consumidores", sublinhou, na terça-feira, o comissário europeu para o Comércio, que considerou ser esta uma decisão em que todos perdem.
Bruxelas está "a analisar o alcance" da decisão e responderá "proporcionalmente com contramedidas", disse o comissário num debate no Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo.
Os países com os maiores excedentes comerciais com os EUA
Vários países têm excedentes comerciais elevados com os Estados Unidos, razão pela qual poderiam ser submetidos às "tarifas recíprocas" anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump.
Os Estados Unidos vão rever a lista de países com os quais mantêm deficits comerciais importantes antes de adotar tarifas punitivas, possivelmente a partir de 2 de abril, informou a Casa Branca na quinta-feira.
O anúncio seguiu-se ao anúncio de Trump da adoção de "tarifas recíprocas" sobre outros países.
"Se nos impuserem uma tarifa ou imposto, nós impor-lhes-emos o mesmo nível de tarifa ou imposto, simples assim", disse o presidente republicano.
Quais são os países que exportam muito mais produtos do que importam dos Estados Unidos e que correm o risco de ser alvo das novas tarifas?
China, em primeiro lugar
A China lidera a lista, com um excedente comercial de 295,4 mil milhões de dólares com os Estados Unidos em 2024, segundo dados de fevereiro do Escritório de Análise Económica (BEA), uma agência subordinada ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
O gigante asiático foi considerado durante muitos anos a fábrica do mundo e é um grande exportador, entre outros fatores, devido à presença de indústrias de companhias multinacionais no país.
O país também beneficia, segundo Trump, de uma moeda mantida baixa artificialmente para tornar as suas vendas ao exterior mais competitivas.
Trump já travou uma guerra comercial com Pequim no seu primeiro mandato (2017-2021) e anunciou, ao voltar para a Casa Branca, a adoção de tarifas adicionais de 10% sobre os produtos chineses.
Disparidades na Europa
A União Europeia regista um excedente comercial de 235 mil milhões de dólares, mas há fortes disparidades entre os Estados-membros.
A Irlanda tem o maior excedente comercial entre os membros da UE, com 86,7 mil milhões de euros. Este montante, no entanto, explica-se em parte pela presença de muitos grupos americanos devido a um sistema fiscal favorável.
Seguem-na a Alemanha, com 84,8 mil milhões de euros de excedente comercial, Itália, com 44 mil milhões de euros. França, por sua vez, regista um excedente de 17,2 mil milhões de euros, segundo os Estados Unidos, embora de acordo com as estimativas da aduana francesas, tenha um deficit.
Suíça, Áustria e Suécia também apresentam excedentes comerciais, respectivamente com 38,5 mil milhões, 13,1 mil milhões e 9,8 mil milhões de euros.
México e Vietname, pontos de passagem
O México tem o terceiro maior excedente comercial, segundo as estatísticas americanas, com 171,8 mil milhões de dólares, seguido do Vietname, com 123,5 mil milhões.
Os dois países são conhecidos por serem plataformas de produção de baixo custo para empresas multinacionais, que exportam em seguida para grandes mercados.
A proximidade do México aos Estados Unidos impulsiona muitas empresas, inclusive americanas, a instalarem as suas fábricas ali.
Tanto o Vietname quanto o México aproveitaram ao máximo a primeira guerra comercial de Trump para reforçar os seus excedentes comerciais.
O Vietname tornou-se o país ideal para estabelecer negócios e evitar os ataques de Trump a Pequim no seu primeiro mandato e as suas exportações aos Estados Unidos cresceram com força entre 2017 e 2023.
O México, por sua vez, registou um forte aumento das exportações chinesas, que depois se destinaram ao mercado americano.
Outros países com excedentes comerciais
Taiwan (US$ 73,9 mil milhões), Japão (US$ 68,5 mil milhões), Coreia do Sul (US$ 66 mil milhões), Canadá (US$ 63,3 mil milhões), Índia (US$ 45,7 mil milhões) e Tailândia (US$ 45,6 mil milhões) também se destacam nesta lista.
Lula garante que vai haver "reciprocidade" do Brasil às medidas comerciais de Trump
O presidente Lula afirmou, na sexta-feira, que o Brasil responderá com "reciprocidade" se os Estados Unidos aplicarem tarifas ao aço brasileiro, como anunciou o presidente americano Donald Trump.
"Se taxar o aço brasileiro, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC [Organização Mundial do Comércio] ou vamos taxar os produtos que importamos dali", disse Lula em entrevista à Rádio Clube do Pará.
"Se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade", alertou.
O Brasil importa uma grande quantidade de bens manufaturados produzidos nos Estados Unidos a partir do aço, como maquinário industrial, motores de automóveis e peças para a indústria aeronáutica.
Trump anunciou na quinta-feira que imporá "tarifas recíprocas" aos seus parceiros comerciais, numa declaração que acendeu os alertas sobre uma guerra comercial com aliados e rivais.
Na terça-feira, um dia após o republicano anunciar novas tarifas de 25% sobre o aço, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou que o Brasil "não entrará em nenhuma guerra comercial" em resposta.
Com 4,08 milhões de toneladas de aço exportadas em 2024, o Brasil é o segundo maior fornecedor dos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.
Ainda segundo Lula, Trump pode dizer "o que quiser, é presidente dos Estados Unidos. Agora não pode fazer o que quiser porque se fizer coisas que impliquem resultados noutros países, sempre haverá uma reação".
Trump prevê tarifas a carros importados pelos EUA "por volta de 2 de abril"
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na sexta-feira que prevê impor novas tarifas aos carros importados "por volta de 2 de abril".
"Talvez, por volta de 2 de abril", respondeu a um jornalista que lhe perguntou quando vai impor novas tarifas aos automóveis que entram nos Estados Unidos.
"Eu faria isso a 1 de abril", acrescentou no Salão Oval da Casa Branca, dando a entender que queria evitar o anúncio no Dia da Mentira. "Faremos a 2 de abril", concluiu.
Desde o começo do seu segundo mandato a 20 de janeiro, Donald Trump introduziu tarifas aduaneiras adicionais de 10% sobre os produtos chineses e garantiu que o aço e o alumínio que entram nos Estados Unidos logo serão taxados em 25%.
Ontem, também prometeu impor aos aliados comerciais dos Estados Unidos as mesmas tarifas que estes aplicam aos produtos americanos.
Os analistas advertiram que o uso de Trump das tarifas como arma para que os demais países façam concessões, desde o comércio até imigração e tráfico de drogas, poderia mudar as regras comerciais mundiais.
*Com agências
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