“Um elemento absolutamente essencial para agir é ter confiança na nossa economia e confiança nas nossas exportações”, disse o ministro na apresentação em Lisboa de um estudo da CIP — Confederação Empresarial de Portugal sobre as consequências económicas da saída do Reino Unido da União Europeia.
O ministro frisou que, nos dois anos que passaram desde o referendo britânico de junho de 2016, as exportações portuguesas para o Reino Unido não registaram um recuo, “pelo contrário, tem havido um progresso neste relacionamento económico”, apesar da “incerteza que impende” sobre o futuro relacionamento.
Santos Silva avançou com números segundo os quais, quando comparados os primeiros oito meses deste ano e igual período do ano anterior, as exportações subiram 7,3%, representando 10% do total das exportações portuguesas, e as importações também subiram, 0,5%, representando 4% do total das importações portuguesas.
“E, portanto, o saldo continua a ser favorável a Portugal e aumentou 12,5%”, disse.
“Todos perderemos com o ‘Brexit'”, admitiu Santos Silva, frisando a importância de “proceder de forma a que os seus efeitos sejam o menos negativos possível”.
O ministro reiterou a necessidade de uma saída “acordada e ordenada”, baseada num acordo de saída, e salientou que tanto Portugal como a UE “tudo têm feito para assegurar esse acordo” e que se está “muito perto” de o alcançar.
Seguir-se-á a negociação da futura relação económica e comercial com o Reino Unido que, não querendo integrar o espaço económico europeu, terá de passar por um acordo de comércio livre e de investimento, explicou.
“Um acordo que reduza tudo o que puder reduzir em matéria de tarifas, em matéria de barreiras não alfandegárias, e promova tudo o que poder promover em matéria de circulação de serviços e de abertura de mercados públicos, esse é o acordo que queremos”, disse.
Mas porque a relação é não só económica como política, Santos Silva destacou a importância de o acordo incluir a cooperação em matéria de segurança e de defesa.
Depois de negociada a relação futura entre o Reino Unido e a UE, porque só nessa altura poderá ser negociado um acordo bilateral, o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que, dada “a ligação história e presente muito profunda”, “demoraria poucos dias a acertar um acordo bilateral”.
Um acordo, precisou, que consagre “nenhuma barreira à circulação”, a “salvaguarda integral dos direitos dos residentes” e o “aproveitamento do potencial das comunidades” portuguesa no Reino Unido e britânica em Portugal, “mobilizando designadamente afinidades como países atlânticos”.
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