Howard X e o imitador do presidente americano, Russell White, encenaram na sexta-feira a sua própria reunião nas escadas da Ópera de Hanói, a capital do Vietname.
Vários polícias compareceram junto da emissora de televisão na qual os dois concediam uma entrevista e solicitaram que interrompessem a sua aparição.
Durante uma entrevista nesta segunda-feira num hotel, Howard X, que mora em Hong Kong, questionou a razão apresentada pelo regime comunista vietnamita para a sua expulsão, de que seu visto não era válido.
"O verdadeiro motivo é que nasci com a mesma cara que Kim Jong-un, este é o verdadeiro crime", declarou, antes de subir para um veículo acompanhado por três agentes vietnamitas, com destino ao aeroporto. Howard X terá sido obrigado a apanhar um avião de volta para Hong Kong.
O imitador, de óculos escuros e um fato negro ao estilo de Mao Tsé-Tung, disse ainda que estava a ser deportado porque o verdadeiro Kim Jong-un "não tem sentido de humor", lembrando que "a sátira é uma arma poderosa contra qualquer ditadura" e que os visados "têm medo de dois tipos que se parecem com eles".
O sósia de Donald Trump, nascido no Canadá, foi no entanto autorizado a permanecer no Vietname, mas sem poder fazer aparições públicas a imitar o presidente dos Estados Unidos. Sem liberdade nem o seu parceiro de sátira, White teve de desmarcar atividades que já estavam planeadas como ir jogar golfe ou ir a um salão de massagens.
Na despedida de Howard X, os dois homens beijaram-se na recepção do hotel, e White carregou as suas malas, dizendo que estavam lá para "tornar a política grande novamente" (um trocadilho com o conhecido slogan de campanha de Trump, "Tornar a América Grande Novamente").
Os verdadeiros Kim Jong-un e Donald Trump vão reunir-se na quarta-feira e quinta-feira, dias 27 e 28 de fevereiro, em Hanói para concretizar a vaga declaração sobre a desnuclearização divulgada após o seu primeiro encontro, em junho do ano passado em Singapura.
O Vietname, país escolhido para acolher a cimeira, está a preparar-se apressadamente para o encontro, posicionando forças de segurança por toda a cidade de Hanói. A capital, que se autointitulou como "Cidade da Paz" para a reunião, tem controlado os eventos da imprensa com cuidado, atribuindo-se a este zelo a expulsão de Howard X.
Phil Roberton, o diretor-adjunto para a Ásia da ONG Human Rights Watch, tweetou que o ato de "assédio e ameaça ao comediante/imitador de Kim Jong-un que chegou [ao país] com um visto válido" é algo "verdadeiramente absurdo e desprezível" e que "o tratamento de abuso de direitos que enfrentou mostra o quão repressivo o Vietname é".
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