“Vimos como a União Europeia se comportou, sobretudo nas últimas duas semanas, de forma a reverter o progresso que estávamos a registar em direção a um acordo”, afirmou o ministro do Conselho de Ministros britânico, Michael Gove, em entrevista à BBC.
Gove disse esperar que a União Europeia (UE) “mude de posição”, ressalvando que os responsáveis pelas equipas negociadoras do Reino Unido e de Bruxelas vão conversar por telefone nos próximos dias.
“Veremos se a União Europeia compreende a importância de se chegar a um acordo, bem como a importância de ceder terreno”, notou.
Na segunda-feira, o negociador chefe britânico, David Frost recusou-se a realizar uma reunião presencial, em Londres, com o seu homólogo da UE, Michel Barnier.
Já na sexta-feira, o Reino Unido considerou que as negociações pós-Brexit estavam terminadas, acrescentando que só admite retomar o contacto se a UE "mudar fundamentalmente a sua posição”.
“As negociações comerciais acabaram. A UE acabou com elas, dizendo que não quer mudar a sua posição de negociação. Ou a UE muda fundamentalmente a sua posição ou nós saímos [do período de transição] nos termos da Austrália”, afirmou, na altura, o porta-voz do primeiro-ministro britânico James Slack aos jornalistas.
No mesmo dia, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, aconselhou as empresas, transportadoras e viajantes britânicos a prepararem-se para uma relação com a UE sem acordo a partir de 2021, tal como acontece com a Austrália.
“Tendo em conta que eles [UE] se recusaram a negociar seriamente durante a maior parte dos últimos meses, e dado que o Conselho parece excluir explicitamente um acordo do estilo do Canadá, concluí que nos devemos preparar para, no dia 01 de janeiro, termos que são mais parecidos com os da Austrália, baseados em princípios simples de comércio livre global”, afirmou.
Nas conclusões adotadas durante a cimeira relativamente ao ‘Brexit’, publicadas na quinta-feira, o Conselho Europeu “apela aos Estados-membros, instituições europeias e todos os intervenientes para aumentarem a preparação a todos os níveis e para todos os tipos de cenários, incluindo o de ‘no-deal’ [cenário em que a UE e o Reino Unido não chegariam a um acordo comercial pós-Brexit]”.
Os principais pontos de discórdia continuam a ser as condições de concorrência entre empresas, pescas e um mecanismo para se revolverem conflitos na aplicação do acordo que a UE exige para desbloquear um acordo que permita o acesso britânico ao mercado único europeu sem quotas nem taxas.
O Reino Unido saiu da União Europeia em 31 de janeiro de 2020. Em conformidade com o Acordo de Saída, é agora oficialmente um país terceiro, pelo que já não participa no processo de tomada de decisão da UE.
Por comum acordo, a UE e o Reino Unido decidiram, contudo, estabelecer um período de transição, que termina em 31 de dezembro de 2020.
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