"Não é uma campanha de conscientização, é uma campanha de culpabilização. E eu concordo plenamente com isso", disse o ministro do Interior, Bruno Retailleau, numa conferência de imprensa, para depois acrescentar que os consumidores "têm as mãos manchadas de sangue".
A campanha de 30 segundos, financiada por recursos apreendidos dos traficantes de drogas, apresenta uma linha de cocaína em chamas que se espalha para um carro, um poste de luz e um animal de peluche antes de uma arma ser disparada.
Mais de um milhão de pessoas consumiram cocaína pelo menos uma vez em 2023 em França, quase o dobro de 2022, de acordo com os últimos dados disponíveis do Observatório Francês de Drogas e Tendências de Vício (OFDT).
Segundo especialistas, o aumento da cocaína na França deve-se a uma "explosão na produção" na América do Sul, a uma "saturação" do mercado americano e a uma "democratização do consumo" na Europa.
Em 2024, as autoridades apreenderam 53,5 toneladas de cocaína, um aumento de 130% em relação ao ano anterior; mais de nove milhões de comprimidos de ecstasy e MDMA (+123%) e 618 quilos de anfetaminas e metanfetaminas (+133%).
Os números da cannabis caíram (101 toneladas apreendidas, -19%), de acordo com dados publicados esta quinta-feira. As autoridades também apreenderam uma tonelada de heroína em 2024.
"É uma inundação, é um tsunami branco, especialmente em termos de cocaína e (...) devemos ser cautelosos", disse Retailleau, ao destacar os números "recordes" em termos de apreensões.
Especialistas dizem, no entanto, que estas apreensões de drogas em larga escala têm pouco impacto no tráfico, pois representam apenas uma pequena proporção do que realmente entra e circula em França.
As preocupações com crimes relacionados com drogas aumentaram nos últimos anos no país, especialmente em Marselha, uma cidade no sudeste às margens do Mediterrâneo, onde 24 pessoas morreram em 2024, duas vezes menos que em 2023.
A violência relacionada com drogas deixou 110 mortos e 341 feridos na França em 2024, abaixo das 139 mortes e 413 feridos no ano anterior, de acordo com o ministério.
O declínio deve-se ao fim da guerra entre dois grupos rivais em Marselha - DZ Mafia e Yoda - responsáveis por grande parte das mortes em 2023, disse uma fonte policial à AFP. No entanto, os números ainda são maiores que os de 2021 e 2022.
O ministério também indicou que houve um total de 367 assassinatos ou tentativas de homicídio relacionados com o tráfico de drogas, em comparação com 418 em 2023.
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