Coréon Dú, que já tinha anteriormente manifestado os momentos difíceis que estava a atravessar depois de um tribunal espanhol decidir entregar a custódia do corpo do ex-presidente à viúva Ana Paula dos Santos contra a vontade dos filhos mais velhos, lamentando ter lhe sido roubada a oportunidade “de dar-lhe o último adeus na terra que nos viu nascer”, hoje quis marcar o aniversario.
“Quando era criança, o Papá ensinou-me a não ter medo do escuro, por que a luz sempre chega”, escreveu José Eduardo Paulino dos Santos, mais conhecido pelo nome artístico de Coréon Dú nas suas redes sociais.
“Nos momentos mais difíceis me lembrarei da sua voz serena e sorriso que espero que me motivem a não perder o meu otimismo e nem a sensatez. Parabéns, papá”, escreveu o cantor e produtor angolano.
A empresária Isabel dos Santos tinha expressado a sua mágoa na véspera, escrevendo: “o que está a acontecer é de partir o coração” e publicando um 'post' onde se lia: “A traição, a falta de lealdade, queima no coração de quem tanto confiou. Quando somos traídos por quem amamos, choramos e lamentamos uma dor de morte é como se tivéssemos que enterrar alguém ainda respirando”.
Hoje desejou apenas: “Feliz aniversário, papá”.
Também Tchizé dos Santos, empresária, influenciadora e ex-deputada do MPLA, desejou “feliz aniversario” ao pai, num 'post' acompanhado de uma música em que acrescentou: “em tua memoria, continuarei a lutar pela pátria”.
Tchizé dos Santos faz ainda referência às declarações do general Francisco Furtado, que no sábado acusou os filhos de falta de bom senso, lamentando que tenham perdido a “melhor oportunidade” criticando “os seres belicistas, desprezíveis e desprovidos de qualquer humanismo” que consideram que “o funeral é uma batalha”.
Os três não visitam Angola há vários anos, tal como José Eduardo dos Santos que escolheu exilar-se em Barcelona quando o regime liderado por João Lourenço, seu sucessor a partir de 2017, ergueu a bandeira da luta contra a corrupção atingindo alguns dos seus filhos, nomeadamente Isabel do Santos que enfrenta vários processos na justiça angolana.
Hoje estiveram presentes nas cerimónias fúnebres apenas quatro dos oito filhos do antigo chefe de Estado: os três em comum com Ana Paula dos Santos (Josiane, Danilo e Breno) e José Filomeno dos Santos, que foi condenado num caso de corrupção e aguarda recurso em liberdade.
Josiane leu em nome da família um elogio fúnebre emotivo, recordando o gosto do pai pelo desporto e pela música, e sublinhando: “A tua luz sempre brilhará, jamais serás esquecido”.
“Os teus filhos e netos sempre te amarão, que a tua alma descanse em paz”, despediu-se Josiane com a voz embargada.
O corpo de José Eduardo dos Santos, que morreu no dia 8 de julho em Barcelona, só regressou a Angola no passado sábado, após uma batalha judicial entre dois lados da família.
De um lado estavam Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opunham à entrega dos restos mortais à ex-primeira dama e se declaravam contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições para evitar aproveitamentos políticos.
Do outro, estava a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que queriam que o ex-presidente fosse enterrado em Angola.
Esta pretensão foi apoiada pelo Governo angolano que anunciou a intenção de fazer um funeral de Estado, mas teve de se contentar logo após a morte com um velório sem corpo, enquanto se aguardava a decisão das instâncias judiciais.
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