Em declarações à Lusa, o presidente da Cann10-Portugal disse que o investimento a efetuar em Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, vai permitir “executar os serviços de produção, importação, exportação e transformação de ‘medical cannabis sativa’ com vista ao fabrico de produtos fitofarmacêuticos”.
Yair Sayag, que respondeu às questões da Lusa a partir de Israel, onde a multinacional está sediada, disse que “o investimento a efetuar em Vila de Rei representará um investimento total na ordem dos 10 milhões de euros, com previsão de contratação de 100 trabalhadores no prazo de quatro anos, sendo a maioria qualificados” com título académico superior.
“Temos muitos anos de experiência no que respeita à agricultura e às instalações de produção ‘chave na mão’, bem como tecnologia e pesquisa, e todos os produtos de canábis da Cann10 são fabricados por via de boas práticas de fabrico que atendem às especificações mais exigentes”, disse o gestor, que elogiou a regulamentação para medicamentos à base de canábis aprovada na quinta-feira pelo Governo.
“O Infarmed [Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde] trabalha muito bem em Portugal, ao nível das melhores práticas mundiais, e a aprovação dessa regulamentação é muito boa para o país e para nós também, enquanto empresa que vai investir em Vila de Rei e em Portugal”, disse Yair Sayag, que aguarda pela emissão da licença para produzir canábis medicinal em Portugal.
“O processo com o Infarmed está muito avançado e acreditamos que em breve poderemos ter a licença de produção”, disse, tendo observado que “não será a primeira empresa licenciada” para estes fins, em Portugal.
De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, o Governo aprovou um decreto-lei que “estabelece o quadro legal para a utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais, nomeadamente a sua prescrição e a sua dispensa em farmácia”.
A regulamentação, acrescenta, foi baseada numa “análise pormenorizada dos programas de canábis medicinal já existentes em outros Estados-membros da União Europeia, nomeadamente na Dinamarca, Holanda e Itália, bem como a avaliação da sua exequibilidade na realidade nacional”.
Contactado pela Lusa, o vice-presidente do município de Vila de Rei, Paulo César, disse que “a decisão agora tomada [aprovação da regulamentação para medicamentos à base de canábis] é mais um passo na consolidação das bases para a implementação desta nova área da medicina em Portugal”, tendo afirmado estar “expectante” que tal “abra as portas para um importante investimento em Vila de Rei”.
Nesse sentido, o município de Vila de Rei e a empresa fitofarmacêutica Cann10-Portugal assinaram no final de novembro os contratos alusivos ao arrendamento com opção de compra do antigo edifício da fábrica Frutinatura e à aquisição do Lote 1 da Zona Industrial do Souto, com 4,5 hectares.
“Depois da aprovação deste projeto pelo executivo municipal, foi dado mais um importante passo naquela que é uma aposta numa indústria inovadora na região e que trará inúmeros benefícios para o nosso concelho”, sublinhou, por sua vez, o presidente do município de Vila de Rei.
“De facto, o investimento que será realizado em Vila de Rei vai assumir uma elevada importância para o desenvolvimento económico, atração de mão-de-obra qualificada e fixação de população no interior do País”, destacou.
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