"A força que faz a diferença" é o mote do manifesto eleitoral do BE às europeias de 26 de maio, cujas linhas gerais são hoje à noite apresentadas em Coimbra, no comício de lançamento da campanha encabeçada pela eurodeputada Marisa Matias.
Uma Europa de "muros", "bloqueada", uma "União Europeia que está à deriva", "sem rumo", no "caos". Muitos são os avisos e críticas dos bloquistas ao longo das páginas deste manifesto, que aponta à necessidade de "recuperar terreno para a democracia" e "perante o colapso das regras e das políticas europeias", o partido propõe um novo caminho: "emprego, ambiente Estado Social".
"O Bloco enfrenta a extrema-direita, rejeita o discurso de ódio e denuncia a sua completa ausência de alternativa. A extrema-direita é uma fraude política porque se limita a ser a face mais violenta do discurso e da política dos fortes contra a democracia", condena.
Para este combate, o BE "integra uma esquerda que se une para derrotar a extrema-direita da única forma que ela pode ser derrotada", ou seja, "oferecendo uma alternativa dos direitos que a esvazia".
"Uma alternativa que responde à crise social tem todas as condições para devolver a extrema-direita ao seu lugar: as páginas mais tristes da história europeia", promete.
O partido liderado por Catarina Martins alerta que "o cenário bem verosímil de uma nova crise financeira" pode, a qualquer momento, "fazer ruir a ténue recuperação económica e o frágil reequilíbrio das contas".
Como o orçamento comunitário "é o único instrumento que poderia permitir uma política coesão", o BE defende que este seja "reforçado e orientado para a solidariedade europeia e o investimento verde e inclusivo, para as políticas de desenvolvimento e coesão, financiado de forma fortemente redistributiva".
"Colocar o Banco Central [BCE] no seu lugar" é outro dos objetivos a que se propõe o partido nestas eleições, apontando a "uma definição negativa das funções do BCE, impedindo-o de intervir sobre políticas económicas exteriores ao seu mandato" para que não ameacem ou chantageiem estados soberanos.
Para uma resposta eficaz às alterações climáticas, os bloquistas propõem uma avaliação de impacto climático para todas as políticas públicas europeias, bem como para projetos industriais e comerciais, cujo parecer seja vinculativo, além de uma taxa de carbono sobre "os setores que participam no comércio europeu de licenças de emissões".
"O Bloco defende ainda que sejam cancelados todos os financiamentos a combustíveis fósseis - petróleo, gás e carvão - do Banco Europeu de Investimento e do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, e seja criado um Banco Europeu para a Transição Climática, cujos objetivos principais são a criação de um programa europeu de empregos públicos climáticos", sugere.
A União Europeia e as suas instituições, na visão do partido, "devem ser exemplo de rigor, transparência e boas práticas, em termos éticos" e não um palco de "evidentes conflitos de interesses" ou de "promiscuidade com os ‘lobbies’".
"À União Europeia não lhe bastaria ser séria, também tem de parecer séria. E atualmente não é nem parece. O Bloco defende um registo intemporal e completo de incompatibilidades absolutas, bem como de listas dos vários estudos que fundamentam as decisões, documentação das respetivas origens, e registos exaustivos e públicos de todos os contactos com os ‘lobbies’, como garante de que a União Europeia passará a estar ao serviço dos seus cidadãos", detalha.
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