“Caro Emmanuel, contamos com a tua determinação para essa mudança progressista e tu podes contar comigo e com a minha amizade para continuar a fazer avançar a Europa, a paz, a liberdade e o progresso económico e social”, afirma Costa numa mensagem em vídeo a que a Lusa teve acesso e que vai ser transmitida esta noite durante os trabalhos de um ‘meeting européen’ (encontro europeu) do La Republique em Marche (A República em Marcha), o partido do Presidente francês.
Começando por recordar que desde “há dois anos” tem o “privilégio de trabalhar de muito perto com Emmanuel Macron e de testemunhar a sua determinação reformista para um renascimento europeu”, o primeiro-ministro português diz partilhar com o chefe de Estado francês a convicção de que “nunca a Europa esteve tão em perigo” como hoje.
“É por isso que devemos proteger a Europa, para que ela possa continuar a proteger-nos a todos. A proteger os nossos valores contra as forças populistas, protecionistas e xenófobas; a proteger a segurança dos nossos cidadãos contra a ameaça terrorista; a proteger o ambiente e a assegurar uma transição energética sustentável; a proteger o nosso bem-estar e o nosso modelo social face a uma concorrência internacional crescente e aos desafios da sociedade digital; a proteger a nossa coesão, assegurando uma maior convergência entre as economias da zona Euro”, sustenta Costa.
Considerando que tal não será possível sem a efetivação da união económica e monetária europeia, António Costa diz faltar ainda “concluir a união bancária, a união dos mercados de capitais e criar uma verdadeira zona orçamental da zona Euro para promover a convergência e a estabilização”.
“Todos estes desafios exigem uma resposta europeia. Para responder às expectativas dos nossos cidadãos e cidadãs é preciso uma Europa progressista, assente na paz, na democracia e nos valores humanistas e centrada no crescimento, no emprego e na convergência económica e social”, afirma na mensagem, salientando que “só esta Europa progressista pode continuar a garantir a paz, a estabilidade e a prosperidade às novas gerações, como tem vindo a fazer há mais de 60 anos”.
Neste contexto, o chefe de Governo português defende que, depois das eleições para o Parlamento Europeu deste mês, “as forças progressistas devem unir-se para permitir a mudança necessária” para “restabelecer a confiança e a esperança no futuro” aos cidadãos e às empresas europeias.
A intervenção de António Costa no ‘meeting’ do partido de Emmanuel Macron foi criticada na quinta-feira pela cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias durante um frente-a-frente da RTP Informação com o cabeça-de-lista do PS, Pedro Marques, com Marisa Matias a acusar os socialistas de estarem na "geringonça" em Portugal, mas entenderem-se com a direita na Europa.
"O que temos assistido é que o PS defende aqui a ‘geringonça’, defende aqui a solução de Governo encontrada, mas, no plano europeu, não é normalmente com a esquerda que faz alianças. É uma mensagem muito equívoca, porque estamos aqui e defender a ‘geringonça’ e, na Europa, está António Costa ao lado da direita e não da esquerda", acusou.
O cabeça-de-lista do PS reagiu, contrapondo que a lista dos socialistas portugueses recebeu o apoio do Presidente Macron, mas, também, do primeiro-ministro grego, Aléxis Tsipras, cujo partido, o Syriza, já foi muito próximo do Bloco de Esquerda do ponto de vista político.
"É ao lado da Europa", rematou Pedro Marques ainda sobre a presença do seu secretário-geral nesse comício.
O ex-ministro socialista admitiu diferenças entre as correntes socialista, de centro-esquerda, e as liberais mais centristas, mas disse que “com alguns desses líderes ou chefes de Estado consegue-se falar, porque não estão voltados para os nacionalismos".
"É bom que a coligação de europeístas tenha força para combater os nacionalistas, os populistas e a extrema-direita", argumentou.
No passado mês de fevereiro, Macron endereçou também uma mensagem de apoio a António Costa, por ocasião da Convenção Europeia do PS, que decorreu em Vila Nova de Gaia.
A mensagem do Presidente francês, assim como uma outra do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, dirigentes que não fazem parte da “família socialista europeia”, foram apresentadas em vídeo durante os trabalhos da Convenção.
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