Reconhecimento com discrepâncias
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion funda o Estado de Israel ao finalizar o mandato britânico na Palestina. Onze minutos depois da proclamação, os Estados Unidos, sob o governo de Harry S. Truman, reconhecem o Estado recém-fundado.
Mas as relações são tensas a princípio. As administrações de Truman e Dwight D. Eisenhower percebem que uma excessiva aproximação a Israel poderia prejudicar o vínculo com o mundo árabe.
Isso leva Washington a opor-se fortemente à campanha israelita contra o Egito em 1956, lançada em coordenação com a França e a Grã-Bretanha, e conhecida como a Crise de Suez. Sob pressão dos Estados Unidos, Israel retira-se finalmente do Sinai.
Sólido apoio
O vínculo fortalece-se na Guerra Fria. Durante a guerra israelo-árabe de junho de 1967, Israel ocupa o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, o leste de Jerusalém e as Colinas de Golã. Os Estados Unidos tornam-se o seu principal aliado.
Em outubro de 1967, o presidente Lyndon B. Johnson decide entregar armamento em larga escala a Israel.
Em várias ocasiões, Washington tentou fazer coincidir o seu papel de principal aliado de Israel com o de mediador do conflito israelo-palestiniano.
Anos de mediação
Em setembro de 1978, o presidente americano Jimmy Carter reúne o primeiro-ministro israelita, Menachem Begin, e o presidente egípcio, Anuar al Sadat, em Camp David, lugar de férias oficial dos chefes de Estado americanos. Os acordos de Camp David abriram a via para o tratado de paz assinado no ano seguinte entre o Egito e Israel.
Em setembro de 1993, Bill Clinton orquestra na Casa Branca o histórico aperto de mãos entre o israelita Isaac Rabin e o palestino Yasser Arafat, que selaram um acordo transitório de cinco anos sobre o autogoverno palestino em Gaza e na Cisjordânia.
Em 2000, Clinton culpa Arafat pelo fracasso das negociações de paz da cimeira conhecida como Camp David II, celebrada em julho.
Tensões não comprometem apoio
O americano Barack Obama e o israelita Benjamin Netanyahu chegam ao poder em 2009 e as relações tornam-se mais confusas, com vários avanços e recuos.
Em junho daquele ano, Obama pressiona Israel para que pare a colonização e pronuncia-se a favor da solução dos dois Estados.
Em março de 2010, a autorização para a construção de um bloco de residências em Jerusalém oriental ocupada, em plena visita do vice-presidente americano representa um duro golpe para as relações bilaterais.
Em março de 2015, Netanyahu fala no Congresso dos Estados Unidos contra o acordo nuclear com o Irão, num desafio claro a Obama, que se negou a recebê-lo durante sua visita a Washington.
Mas em setembro de 2016, ambos assinam um acordo de assistência militar até 2028, na ajuda de armamento mais generosa da história dos Estados Unidos.
Antes do fim do mandato de Obama, as relações deterioraram-se novamente quando Washington se recusa a utilizar o seu veto para bloquear uma resolução do Conselho de Segurança contra a colonização israelita.
Um vínculo "inquebrantável"
Com a chegada de Trump à Casa Branca em janeiro passado, Netanyahu diz esperar uma aliança "mais forte do que nunca" com os Estados Unidos. Trump recebe-o calorosamente em fevereiro, saudando o vínculo "inquebrantável" entre os dois países.
Em 15 de maio chega David Friedman, o controverso novo embaixador dos Estados Unidos em Israel, um firme defensor da construção de colonatos israelitas na Cisjordânia.
Em 22 de maio, Trump torna-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a visitar o Muro das Lamentações, em Jerusalém.
Um dia depois, Netanyahu anuncia que Israel receberá 75 milhões de dólares adicionais em ajuda militar dos Estados Unidos.
Em setembro, Israel inaugura com seu aliado americano uma base aérea conjunta, a primeira em território israelita.
Em 6 de dezembro, Trump reconhece Jerusalém como capital de Israel e ordena um plano para a transferência da embaixada dos Estados Unidos, que está em Telavive. No entanto, contrariamente ao que havia dito meses antes, Trump enfatiza que Washington apoia uma solução de dois Estados como solução para o conflito israelo-palestiniano.
Os Estados Unidos transformam-se no único país do mundo a reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
Uma lei norte-americana de 1995 solicitava a Washington a mudança da embaixada para Jerusalém, mas essa medida nunca foi aplicada, porque os Presidentes Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama adiaram sua execução, a cada seis meses, com base em “interesses nacionais”.
A comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como capital de Israel, nem a anexação da parte oriental conquistada em 1967.
Israel considera a Cidade Santa a sua capital “eterna e reunificada”, mas os palestinianos defendem pelo contrário que Jerusalém-leste deve ser a capital do Estado palestiniano ao qual aspiram, num dos principais diferendos que opõem as duas partes em conflito.
Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.
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