Em duas mensagens divulgadas pelos canais de propaganda do grupo é referido que o primeiro ataque resultou de uma “explosão de uma bomba” contra forças moçambicanas, no distrito de Mocímboa da Praia, sem mais detalhes.
No segundo alegado ataque, na mesma província, mas neste caso no distrito de Macomia, o Estado Islâmico afirma que matou sete soldados moçambicanos e dois oficiais, numa “emboscada”.
A Lusa não conseguiu, no terreno, confirmar a veracidade destes ataques até ao momento e as autoridades moçambicanas também não se pronunciaram.
Os anúncios destes ataques pelo Estado Islâmico surgem praticamente em paralelo com a divulgação, na quarta-feira, pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), de que abateram dois importantes elementos da estrutura terrorista que opera em Cabo Delgado, incluindo Abu Kital, “vice-comandante das operações” do grupo Ahlu-Sunnah wal Jama’a (ASWJ).
Em comunicado, o Estado-Maior General das Forças Armadas refere que “na sequência das operações em curso de combate contra ações terroristas” que estão a realizar na província de Cabo Delgado, em conjunto com “forças amigas”, foi “abatido o terrorista Abu Kital”, que “ocupava a posição de vice-comandante das operações dos terroristas do grupo ASWJ, sendo ainda “adjunto de Ibin Omar, também conhecido por Abu Suraka”.
O grupo ASWJ atua com o apoio do Estado Islâmico na província de Cabo Delgado com o objetivo assumido de criar um Estado islâmico na região norte do país, onde atacou populações e forças de segurança, nomeadamente nos distritos de Mocímboa da Praia, Palma e Macomia.
“Na mesma operação foi posto fora de combate o terrorista Ali Mahando que, à semelhança do Abu Kital, ocupava importantes funções no seio do grupo terrorista”, lê-se ainda no comunicado.
Acrescenta que pelas 08:30 locais (07:30) de terça-feira, “nesse exercício contínuo de combate aos terroristas, uma Unidade Motorizada das FADM que se encontrava integrada numa coluna militar com destino à Quiterajo” acabou por cair “numa emboscada inimiga e capotou” numa “ponteca”, que se incendiou em seguida, mas “os ocupantes saíram ilesos”.
“As Forças Armadas de Defesa de Moçambique continuam perenes na segurança e defesa de Moçambique e dos moçambicanos, no entanto, neste momento decorem ações de recolha de mais informações de outras movimentações de outros integrantes que serão disponibilizadas oportunamente”, lê-se ainda no comunicado divulgado na quarta-feira.
A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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