O mês sagrado do calendário islâmico começa hoje, o dia em que a lua nova coincide com a sexta-feira, e deverá terminar no dia 30 de março. Ao pôr do sol, milhares de muçulmanos em Portugal vão sentar-se à mesa para quebrar o jejum, com uma tâmara e um copo de água. A reflexão, comunidade, espiritualidade e o serviço são valores fundamentais desta comemoração.

O calendário islâmico é lunar e, por isso, o Ramadão não acontece sempre nos mesmos dias. Nesta sexta-feira, o dia da semana sagrado para os muçulmanos, a lua nova marca a entrada no nono mês do ano, o mais importante e, para muitos, o mais comprido. O objetivo é aprender a preservar o autocontrolo - inevitável da vida em sociedade.

Na Mesquita serão disponibilizadas 2 mil refeições diárias para a quebra do jejum, por volta das 19h, além das refeições distribuídas por hospitais, escolas, centros de dia e prisões. Ao final do dia, é também comemorada uma oração suplementar, como forma de aproximação do muçulmano com Deus. As orações são o segundo pilar do islão e fazem-se em cinco momentos diferentes do dia, ou seja, da posição do sol.

O momento mais simbólico é celebrado também ao final do dia, na recitação do Alcorão. Este momento é realizado todas as noites, e atrai crentes de outros países. Os últimos dez dias do Ramadão são os mais importantes, especialmente devido à 'noite do poder', que acontece num destes dias e na qual se intensificam os momentos de adoração e tranquilidade espiritual.

Todas as religiões praticadas em Portugal são importadas, inclusive o cristianismo

Fundação Aga Khan

A Fundação Aga Khan faz parte da Aga Khan Development Network (AKDN), que trabalha em várias áreas de desenvolvimento humano em diversos países.

Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL)

A CIL é uma das maiores comunidades muçulmanas em Portugal, e dinamiza diversas atividades religiosas, culturais e sociais.

Associação Cultural Islâmica de Portugal (ACIP)

A ACIP promove o desenvolvimento cultural e educativo da comunidade muçulmana em Portugal, com ênfase na integração e na convivência pacífica.

Instituto Al-Muhaidib de Estudos Islâmicos

O Instituto Al-Muhaidib de Estudos Islâmicos está integrado na área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona e é uma plataforma de produção e difusão de conhecimento sobre o Islão.

Agência para a Integração de Migrações e Asilo

A AIMA trabalha para promover a integração e o bem-estar da comunidade muçulmana em Portugal, além de apoiar os laços entre as comunidades islâmicas de Moçambique e de Portugal.

Os recentes casos de racismo e xenofobia criaram a ideia de que Portugal se esqueceu disto mesmo: todas as religiões praticadas em Portugal são importadas, inclusive o cristianismo. A diversidade representa os pilares da cultura portuguesa, hoje, mais do que nunca.

Segundo os Censos de 2021, budistas, hindus, judeus e muçulmanos somam 1,1% da população, com os muçulmanos em maior número neste grupo (0,4%). Além destes, há mais 24.366 pessoas (0,3%) que professam outra religião não cristã, citou a Rádio Renascença. O número de católicos em Portugal diminuiu 8,1%, passando de 88,3%, em 2011, para 80,2%, em 2021.

E, no fundo, a linguagem das fés mantém-se a mesma. A mobilização destas comunidades em movimentos de solidariedade é acima de tudo muito português. "Desde doar de sangue, fazer voluntariado, promover mais conhecimento, e dar espaços a novos artistas interessados na divulgação do seu trabalho", são algumas das atividades solidárias feitas ao longo do ano pelo Centro Ismaili de Lisboa, explica Zohora Pirbhai ao SAPO24, responsável pelo departamento de educação religiosa.

Soma-se o trabalho indispensável que é feito na integração de emigrantes e refugiados. Zohora faz também parte do Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-Religioso (GTDIR), que se juntou à Agência para a Integração, Migrações e Asilo para criar um programa de atividades de partilha e reflexão, através também do convívio, para fomentar o conhecimento mútuo e o espírito de diálogo.

Em entrevista ao SAPO24, partilha algumas dicas para quem quer ser mais empático durante este ritual religioso. Entre as mencionadas, refere os momentos de refeição, organização dos horários e ainda o mau hálito por não comer.