
A Alemanha aprovou esta sexta-feira uma nova ajuda militar à Ucrânia, no valor de 3 mil milhões de euros. França e Reino Unido estão à frente da mobilização europeia em solidariedade com os ucranianos. No meio de uma crise política, Portugal admite poder contribuir com ajuda militar, se necessário, e trabalha para o fortalecimento da defesa nacional.
Alemanha
Antes de uma rodada de negociações entre Estados Unidos, Rússia e Ucrânia para obter uma trégua parcial, prevista para os próximos dias, a Comissão de Orçamento do Bundestag aprovou a ajuda à Ucrânia. A contribuição da Alemanha estava suspensa há meses devido à relutância do chanceler em fim de mandato, Olaf Scholz, que estava preocupado com a situação orçamental do país.
A recente crise política instalada no país não impediu a Alemanha de alocar fundos destinados ao fornecimento de equipamentos de defesa para a Ucrânia contra as forças russas, incluindo munições de artilharia e sistemas antiaéreos, segundo funcionários de alto escalão do Governo.
Esses 3 mil milhões de euros somam-se aos 4 mil milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia já previstos no orçamento de 2025.
A comissão parlamentar destinou outros 8,3 mil milhões de euros a Kiev para o período de 2026 a 2029, embora esse valor possa ser complementado por gastos procedentes de outro pacote fiscal que superou o seu último obstáculo esta sexta-feira.
O porta-voz do governo Steffen Hebestreit disse que este último pacote incluirá unidades dos sistemas antiaéreos Iris-T, de fabricação alemã, que ainda não foram fabricados e serão entregues nos próximos dois anos.
Desde que a Rússia lançou a invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022, a Alemanha tem sido o segundo maior fornecedor de ajuda militar às forças ucranianas, com cerca de 28 mil milhões de euros até esta data, atrás apenas dos Estados Unidos.
Mas a situação mudou drasticamente desde que o presidente americano, Donald Trump, entrou em contacto com o colega russo Vladimir Putin para encerrar a guerra e congelou a ajuda militar à Ucrânia, ao mesmo tempo, em que lançou dúvidas sobre o futuro dos seus laços com a NATO.
Há menos de um mês, no dia 28 de fevereiro, o presidente americano trocou agressões verbais com o homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, que levou à suspensão da ajuda militar americana a Kiev.
Os EUA impediram também a partilha de informações até obter um acordo de princípios da Ucrânia sobre uma proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias, que já foi entregue.
Reino Unido
Já no início do mês, o Reino Unido e a Ucrânia assinaram um acordo para um empréstimo de 2,73 mil milhões de euros destinados a apoiar a capacidade de defesa de Kiev.
O acordo foi assinado numa cerimónia online durante uma conferência de líderes convocada pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em Londres.
O empréstimo foi visto como um sinal de "apoio inabalável ao povo ucraniano", e será reembolsado com receitas dos ativos russos congelados. A este valor soma-se a assistência militar que, de acordo com o Independent Comission for Aid Impact, uma organização do Governo britânico, se traduz em 7 mil milhões de euros desde o início da guerra.
Acrescentam que a Ucrânia se tornou o maior destinatário de ajuda bilateral do Reino Unido, com um gasto de aproximadamente 228 milhões de libras (262,2 milhões de euros) em 2023 e 2024.
O Reino Unido também concordou em fornecer um valor sem precedentes de 4 mil milhões de libras (4,6 mil milhões de euros) em garantias, para permitir que a Ucrânia tenha acesso a empréstimos do Banco Mundial e, assim, continue a financiar os serviços governamentais e programas sociais.
"Todos nos devemos mobilizar", continuou Keir Starmer, que não hesitou em reiterar o apoio a Zelensky.
França
O Ministério da Europa e os Assuntos Estrangeiros referiu que a França alocou mais de 434 milhões de euros para assistência humanitária na Ucrânia, destinada diretamente aos ucranianos e a projetos de organizações internacionais, agências das Nações Unidas e organizações não governamentais em diversos setores.
No total, o valor de todo o equipamento militar francês entregue à Ucrânia soma 2,615 mil milhões de euros. Além disso, a França contribuiu com 1,2 mil milhões de euros para o Fundo Europeu para a Paz (EPF).
O apoio francês começou a ser mais evidente na conferência internacional de 2022, co-presidida pelos presidentes Emmanuel Macron e Volodymyr Zelenskyy e com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A conferência reuniu 70 representantes de organizações internacionais e governos, que se comprometeram a fornecer mais de €1 bilhão à Ucrânia, ficando conhecida como o “Mecanismo de Paris”.
De acordo com o Governo francês, cerca de 2.200 órgãos do governo e aproximadamente 100 empresas contribuíram para a resposta humanitária do Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros com doações e equipamento no valor de quase 12 milhões de euros.
Portugal
No último mês, Portugal este representado nas reuniões em Bruxelas de estratégia e cooperação com a Ucrânia, nas quais se comprometeu a ajudar a nível militar, se necessário.
Luís Montenegro indicou que Portugal estará ao lado dos seus "aliados para garantir a paz e a segurança hoje e no futuro", seguindo "os princípios do direito internacional".
A assistência portuguesa à Ucrânia foi de 220 milhões de euros em 2024 e deverá ser alocado o mesmo valor em 2025, segundo anunciou Luís Montenegro numa conferência em Washington, no ano passado.
Luís Montenegro também assumiu o compromisso de atingir os 2% de investimento em defesa em 2029, representando um valor de 6 mil milhões de euros.
O compromisso foi assumido "numa carta que enviei ao Secretário-Geral da OTAN, afirmando que atingir a meta de 2% do nosso orçamento em defesa acontecerá um ano antes do previsto, em 2029", afirmou.
Portugal está entre os sete países que gastam menos percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa, e que ainda não atingiram o objetivo de 2% em despesas com as Forças Armadas. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, antecipou um ano, para 2029, a chegada a essa meta, escreve o Expresso.
União Europeia
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