Nos Estados Unidos, desde 17 de abril que uma vaga de protestos a favor de Gaza percorreu cerca de 40 universidades, da costa atlântica à Califórnia. Nos últimos dias, a polícia levou a cabo uma série de desmantelamentos de acampamentos pró-palestinianos, com dezenas de detidos durante as operações — o total nacional vai já em mais de duas mil detenções .
Na terça-feira, as Nações Unidas manifestaram “preocupação” com as ações da polícia nas universidades. O alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, declarou-se “perturbado por uma série de medidas de mão pesada adotadas para dispersar e desmantelar manifestações”, sublinhando que “a liberdade de expressão e o direito de reunião pacífica são fundamentais”.
Por sua vez, as autoridades israelitas classificaram os protestos como antissemitas, enquanto os seus críticos dizem que Israel usa essas alegações para silenciar a oposição. Apesar de alguns manifestantes terem sido apanhados pelas câmaras a fazer comentários antissemitas ou ameaças violentas, os organizadores dos protestos – alguns dos quais são judeus – consideram que se trata de um movimento pacífico para defender os direitos dos palestinianos e protestar contra a guerra.
Entretanto, os protestos espalharam-se para mais países, a saber:
- França: as principais instalações da prestigiada escola parisiense Sciences Po, que tem entre 5.000 e 6.000 estudantes na capital, permaneceram encerradas hoje, uma vez que a polícia francesa iniciou uma intervenção para retirar várias dezenas de ativistas pró-palestinianos que ocupavam as instalações da escola desde a véspera.
- Alemanha: a polícia interveio hoje para retirar manifestantes pró-palestinianos reunidos em frente à Universidade Humboldt de Berlim, no centro da capital. Segundo a polícia, cerca de 300 pessoas juntaram-se à manifestação, algumas dezenas das quais tentaram sentar-se no pátio da universidade.
- Canadá: o movimento estudantil pró-palestiniano ganhou raízes em várias cidades, incluindo Vancouver, Otava, Toronto e Montreal. O primeiro e maior acampamento, na prestigiada Universidade McGill, em Montreal, começou a 27 de abril e foi aumentando de dimensão.
- Austrália: na Universidade de Sydney, centenas de manifestantes pró-palestinianos e pró-israelitas estiveram hoje frente a frente. Apesar de algumas trocas de palavras tensas, os dois encontros mantiveram-se pacíficos e a polícia não interveio.
- México: na Cidade do México, dezenas de estudantes pró-palestinianos da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), a maior do país, montaram um acampamento na capital na quinta-feira, entoando “Viva a Palestina livre!” e “Do rio ao mar, a Palestina vencerá!”.
- Suíça: cerca de uma centena de estudantes pró-palestinianos ocuparam ao fim da tarde de quinta-feira o hall de entrada do edifício Geopolis da Universidade de Lausanne (UNIL), exigindo um boicote académico às instituições israelitas e um cessar-fogo imediato e permanente, informou a agência noticiosa Keystone-ATS.
Além dos protestos a nível académico, espera-se também que os manifestantes se façam ouvir a propósito da Eurovisão.
A polícia sueca confirmou existirem vários pedidos de manifestações para Malmo, na próxima semana, coincidindo com a realização do Festival Eurovisão da Canção naquela cidade, sobretudo relacionados com a guerra na Faixa de Gaza.
Neste contexto, vários países pediram aos seus cidadãos que tomem precauções adicionais se viajarem para Malmo, onde se esperam cerca de 100.000 visitantes durante os próximos dias.
Os organizadores e a polícia estimaram já que as manifestações poderão reunir cerca de 40.000 pessoas, segundo a televisão pública SVT.
A maioria das manifestações autorizadas está relacionada com a guerra entre Israel e o Hamas, depois de a presença de Israel entre os participantes no festival de música ter criado polémica nos últimos meses quando alguns grupos apelaram ao veto como represália pela ofensiva militar na Faixa de Gaza.
O Conselho de Segurança Nacional de Israel pediu aos cidadãos israelitas que “reconsiderassem” a sua possível viagem a Malmo, depois de ter elevado o seu nível de alerta para esta cidade referente a “ameaça moderada”.
Além dos protestos, o governo israelita está preocupado com a atividade ‘jihadista’, ao recear “que os terroristas aproveitem as manifestações e o ambiente anti-israelita para cometer atentados contra os israelitas que chegam à Eurovisão”.
*Com Lusa
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