A Lusa constatou no local que foram arremessadas pedras e garrafas, para além de os manifestantes terem trocado socos e pontapés, confrontos que a Polícia de Segurança Pública (PSP) conseguiu cessar.
Um dos grupos, com cerca de 50 pessoas, que se apresenta como um movimento de apoio ao segundo mandato do Presidente Umaro Sissoco Embalo, manifestou-se ao início da tarde no Rossio, com tambores e lenços vermelhos, a favor do atual chefe de Estado.
O segundo grupo, com perto de 200 pessoas, concentrou-se também na praça numa contramanifestação e iniciativa de homenagem ao falecido músico guineense Américo Gomes. Os participantes são contra o atual regime da Guiné-Bissau.
Os confrontos tiveram início por volta das 15h00 e, de acordo com a PSP, não há registo de feridos ou detidos.
O porta-voz do movimento de apoio a Umaro Sissoco Embaló, Amadu Djau, disse, em declarações à Lusa, que “os traficantes […] estão a lutar cada dia para derrubar o Presidente eleito legitimamente pelo povo da Guiné-Bissau” e acrescentou ser necessário “estar ao lado do Presidente da República, pelo trabalho brilhante que ele está a fazer para o país”.
Amadu Djau referiu que os principais problemas da Guiné-Bissau são “a corrupção e o tráfico de drogas”, para além dos “recorrentes golpes de Estado”.
O porta-voz disse também que “as estradas agora estão sendo alcatroadas em todo o país” e que a capital está a ser “urbanizada de uma maneira bonita”.
Os apoiantes de Sissoco Embaló demonstraram preocupações com um possível golpe de Estado no próximo dia 27, mas Amadu Djau afirmou que o Presidente irá manter o poder e que só o povo guineense pode “decidir […] sancioná-lo na urna”.
Do lado da contramanifestação, o porta-voz do Movimento Manta Sagrada (MMS), Marius Biague, referiu que “a Guiné-Bissau não está bem” e acrescentou que o país “não tem escola, o hospital não funciona, não há emprego e a criminalidade aumenta”.
Segundo o representante, “todos os santos dias na Guiné-Bissau as mulheres morrem nas mãos dos ditos médicos num hospital sem condições” e “as crianças não estão a nascer” - as que nascem “são levadas para o Senegal […] para trabalhar”.
O porta-voz afirmou também que no dia 27 de fevereiro, caso o Governo guineense não mude, o movimento irá estar na Assembleia da República “para pedir para não reconhecer” o executivo.
A contramanifestação contou com um minuto de silêncio, com os participantes de joelhos.
A oposição da Guiné-Bissau tem pedido eleições antes de 27 de fevereiro, dia em que se completam cinco anos da tomada de posse de Sissoco Embaló, e repetido que a partir desse dia há uma vacatura na Presidência da República.
Este mês, o Supremo Tribunal de Justiça do país decretou que o mandato do Presidente da República termina em 4 de setembro de 2025 e que só cessa funções com a posse do novo Presidente eleito.
Segundo o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, o jurista Bubacar Turé, a organização apresentou uma “denúncia formal” contra o presidente do Supremo, Lima André, por este se ter "autoproclamado presidente" daquela instância e ter assinado sozinho, no passado dia 06, o despacho de aclaração no qual afirma que o mandato do atual Presidente só terminará em setembro.
Uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) chega no domingo ao país para mediar a crise política centrada nas eleições presidenciais, que vão ocorrer para lá do fim do mandato pela segunda vez consecutiva.
(notícia atualizada às 19h17)
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