Estas críticas foram feitas por Pedro Nuno Santos no discurso que proferiu no almoço comício do PS em Guimarães, após a intervenção do cabeça de lista socialista por Braga, José Luís Carneiro.
Na parte final da sua intervenção, o líder socialista pediu mobilização nos 15 dias de pré-campanha e de campanha para as eleições legislativas de 10 de março, numa mensagem em que procurou dramatizar as consequências de uma eventual maioria das forças políticas à direita do PS.
“Temos de mobilizar o nosso povo para travar uma direita que quer trazer uma aventura fiscal ao nosso país, uma aventura que terá consequências negativas nos serviços públicos. Com a direita é como jogar numa lotaria: No final ganha uma minoria e o resto perde”, declarou.
Num discurso em que começou por assinalar os dois anos “da criminosa invasão da Ucrânia pela Rússia”, prometendo solidariedade “total ao povo ucraniano”, Pedro Nuno Santos disse estar a “ouvir com revolta” posições que colocam em causa conquistas do 25 de Abril de 1974, como o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública.
Nos oitos anos de Governo, segundo o secretário-geral do PS, “os salários e as pensões são mais altos, o défice desapareceu, a dívida, o desemprego e a pobreza desceram, o abandono escolar baixou o número de alunos no Ensino Superior subiu”.
“Percebemos que quem se queira apresentar a eleições tenha de apresentar um retrato negro do país, mas tem a obrigação de dizer a verdade. Quem quer ser primeiro-ministro tem de ser honesto. Parem de dizer mal, parem de denegrir”, afirmou Pedro Nuno Santos elevando o seu tom de voz.
A seguir, acusou o presidente do PSD, Luís Montenegro, de ser impreparado para ser primeiro-ministro, dizendo que isso se provou no frente-a-frente televisivo que travou com ele na passada segunda-feira – e isto apesar de o líder social-democrata “ter a ajuda de muita gente”.
“Do outro lado temos a irresponsabilidade orçamental, a promessa de uma aventura fiscal e que tem como programa esvaziar os serviços públicos. Eles [AD] têm um líder impreparado, o que ficou óbvio no debate. [Luís Montenegro] pode ter a ajuda de muita gente, mas ficou claro que o líder do PSD não sabia quanto custa o seu programa”, apontou.
O secretário-geral do PS referiu, ainda, que o presidente do PSD desconhecia que o valor da baixa de impostos que propõe teria consequências plurianuais nas contas públicas e não apenas num único, representando 16,5 mil milhões de euros em quatro anos. Considerou, ainda, que Luís Montenegro também não teve sentido de Estado ao não transmitir uma palavra em defesa da ordem pública perante o protesto de agentes de forças de segurança, na segunda-feira, à porta do debate do Teatro do Capitólio em Lisboa.
“Temos um líder impreparado a liderar a AD, a liderar o PSD. Pode ter a ajuda de muita gente, só que agora é o tempo da rua e aí não tem hipóteses. Agora, é a nossa relação com o povo, não há intermediários. Somos nós e o povo”, frisou, numa nova alusão a jornalistas e comentadores.
No seu discurso, caracterizado por um ataque cerrado ao presidente do PSD, o líder socialista sustentou que “o choque fiscal” proposto pelos sociais-democratas, sobretudo com a descida do IRC, apenas beneficiará setores como as seguradoras, a banca, a grande distribuição e o imobiliário, contrapondo que Portugal precisa de “um choque salarial”.
Na saúde, Pedro Nuno Santos disse que os partidos de “direita” passam pela ideia errada de que o setor privado tem disponibilidade em termos de capacidade instalada e de recursos humanos e voltou a sugerir que Luís Montenegro “está a esconder” o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho nesta campanha eleitoral.
No primeiro discurso do almoço comício, que juntou várias centenas de socialistas no pavilhão do Francisco de Holanda, o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, falou sobre qualidades políticas de um político, que atribuiu depois a Pedro Nuno Santos.
“Humildade, saber ouvir, percorrer o terreno, saber que se fez muito mas ter consciência que ainda há sempre também muito para fazer, ou que tudo o que se fez nem sempre correu bem. Com a nossa ação temos de surpreender, temos de saber inovar”, advogou, antes de deixar uma reivindicação em matéria de mobilidade ferroviária.
“Guimarães precisa de ter uma ligação rápida à futura estação ferroviária de alta velocidade”, afirmou.
Depois, o presidente da Federação de Braga do PS, Frederico Castro, considerou que o cabeça de lista socialista por este círculo eleitoral, José Luís Carneiro, tem sido “absolutamente irrepreensível”, destacando a “sua enorme sensibilidade política”.
Frederico Castro considerou que há muitos eleitores ainda indecisos e convidou as pessoas a assistirem à entrevista de Pedro Nuno Santos ao programa da SIC “Alta Definição”.
“Mostra que por trás do político está o pai, o marido e a pessoa Pedro Nuno Santos”, justificou.
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