Em declarações à Lusa, o porta-voz da ANATA, Alexandre Barros, adiantou que os organizadores da marcha querem chamar a atenção para as violações da Constituição e da lei eleitoral e pressionar o Tribunal Constitucional para o manifesto, entregue na terça-feira, em que pedem a impugnação das eleições.
Angola está na fase final da campanha eleitoral, faltando apenas dez dias para a votação de 24 de agosto, em que os eleitores vão escolher o Presidente da República e deputados à Assembleia Nacional.
“Estamos a aguardar que o TC se pronuncie sobre as nossas alegações e acreditamos que vai anuir à anulação do pleito eleitoral, existem evidências mais do que suficientes”, afirmou.
O manifesto aponta várias irregularidades entre as quais a contratação da INDRA, empresa que vai assegurar a logística eleitoral e que a oposição angolana acusa de estar envolvida em processos fraudulentos, a não afixação e presença do nome de cidadãos já mortos nos cadernos eleitorais, além da instrumentalização da comunicação social pública e das forças de segurança.
Entre os subscritores e organizadores da marcha, que vão falar na segunda-feira em conferência de imprensa sobre os objetivos da iniciativa, estão também nomes como os de Laurinda Gouveia e Osvaldo Caholo, que integraram o processo conhecido como “15 + 2”, bem como outros do Movimento Revolucionário de Angola e de outras organizações.
Alexandre Barros salientou que no desfile são convidados a participar “todos os angolanos” que estejam solidários com estas reivindicações porque “algo tem de se fazer para travar as violações do processo eleitoral”.
O responsável da ANATA salientou que as eleições não interessam apenas aos partidos políticos e estes não representam apenas a vontade dos seus militantes ou simpatizantes, mas sim do povo.
“Queremos que a sociedade civil olhe para esta iniciativa como uma iniciativa de pessoas que acreditam que as eleições devem ser expurgadas de todos os vícios, para que sejam livres, justas e transparentes”, reforçou.
Na segunda-feira, os organizadores vão encontrar-se com peritos da União Europeia para expressar as suas preocupações e irão deslocar-se ao Governo Provincial de Luanda, a quem endereçaram uma carta dando a conhecer a realização da marcha”.
“Ligaram-nos e solicitaram que fossemos buscar a resposta amanhã [segunda-feira]”, disse Alexandre Barros.
A campanha eleitoral para as eleições de 24 de agosto tem sido marcada pela denúncia de várias irregularidades relativas ao processo eleitoral de partidos da oposição, em particular da UNITA, que já avançou com queixas em tribunal.
Do outro lado está o MPLA, partido que governa Angola desde a independência, em 1975, que desvaloriza as reclamações dos adversários políticos, acusando os opositores de recorrem ao discurso da fraude por que não estão preparados para ganhar.
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