Em declarações à agência Lusa, Miguel Moreira, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte), disse que “continua tudo igual” na empresa, cuja produção “tem estado praticamente parada” nos últimos meses.
“Há algum trabalho, mas muito pouco”, afirmou o dirigente sindical, que tem vindo a denunciar que a Efacec tem visto a capacidade de produção comprometida devido à falta de liquidez para adquirir matérias-primas e pagar a fornecedores.
Neste contexto, os trabalhadores pararam entre as 14:00 e a 16:00 de hoje para exigir ao Governo que, “enquanto dono da empresa”, garanta a compra das matérias-primas necessárias à normal laboração, reclamando ainda que o Estado se mantenha no capital da Efacec e que a atual administração seja demitida.
Numa declaração enviada à Lusa, fonte oficial da Efacec afirmou que “não entende as motivações desta greve”, nem “se revê nas acusações de que é alvo, nomeadamente de estar inativa”.
“Uma empresa parada não conquista clientes, não é distinguida com prémios, não é escolhida por centenas de empresas para ser parceira na candidatura a cinco projetos altamente estruturantes para o futuro do país, não investe na criação de uma nova estrutura organizacional, para se tornar mais eficiente, não alcança receitas superiores a centenas de milhões de euros”, sustenta.
Assegurando a “viabilidade económica e estratégica” da empresa, a administração salienta que, este ano, a Efacec “reforçou a sua presença em vários mercados internacionais, com novos contratos assinados este ano, acima dos 220 milhões de euros, numa carteira global superior a 500 milhões de euros”.
E destaca: “O processo de financiamento que está a ser concluído vem dar resposta a necessidades decorrentes do exercício normal da atividade da Efacec. Fortalecerá a capacidade de resposta da Efacec e do alcance dos seus objetivos, de acordo com o plano de negócios definido”.
O jornal Eco noticiou na quarta-feira que a Efacec “vai fechar esta semana mais um empréstimo com garantia pública, do Banco de Fomento, no valor de 45 milhões de euros, dos quais nove milhões ficam dados como colateral ao sindicato bancário que o financia”.
Relativamente ao processo de reprivatização, a administração da Efacec diz estar atualmente “na fase final” e prevê que a sua conclusão “impulsione o aumento da atividade para lá da já em curso”.
Na concentração de trabalhadores que hoje decorreu na portaria principal da sede da Efacec, no polo da Arroteia, em São Mamede de Infesta, Matosinhos, participaram a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, que veio “mostrar a sua solidariedade”, e o coordenador da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Química, Farmacêutica, Elétrica, Energia e Minas (Fiequimetal), Rogério Silva.
Relativamente à nova greve de duas horas marcada para o dia 16, o dirigente do Site-Norte disse que a sua concretização “ainda está a ser analisada”, admitindo que venha a ser suspensa, dada a aproximação do período do Natal.
“Ainda vamos analisar melhor, mas, em princípio vamos suspender a luta um bocadinho”, disse à Lusa.
O Governo pretende que o processo de reprivatização dos 71,73% do capital social da Efacec atualmente nas mãos do Estado esteja concluído até ao final do ano, sendo que o grupo português DST SGPS foi o único a apresentar uma proposta final de compra, segundo anunciou recentemente a Parpública.
“Espero que possamos tomar uma decisão ainda antes do fim do ano”, afirmou no passado dia 02 o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital.
A entrada do Estado na Efacec decorreu da saída de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, da esfera acionista, na sequência do envolvimento no caso ‘Luanda Leaks’, no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária.
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