“Na verdade, sendo uma empresa importante, sendo uma empresa tecnologicamente até avançada e estando numa situação em que se não se fizesse nada, a empresa podia quebrar”, “foi tomada esta decisão, que agora continuaremos a acompanhar em coordenação com as autoridades angolanas”, afirmou Pedro Pessoa e Costa, à margem da cerimónia de entrega às autoridades angolanas de um conjunto de equipamentos para o combate à pandemia da covid-19.
Segundo o embaixador, o assunto é recente e aguarda por mais informação, mas, dada a dimensão da empresa era necessário que se tomasse alguma posição.
O Conselho de Ministros aprovou, quinta-feira, o decreto de lei para nacionalizar “71,73% do capital social da EFACEC”, uma empresa nacional que “constitui uma referência internacional em setores vitais para a economia portuguesa”.
“A intervenção do Estado procura viabilizar a continuidade da empresa, garantindo a estabilidade do seu valor financeiro e operacional e permitindo a salvaguarda dos cerca de 2.500 postos de trabalho”, justificou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros.
Este processo decorre da saída de Isabel do Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos do capital da EFACEC, na sequência do envolvimento do seu nome no caso ‘Luanda Leaks’, no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou, em 19 de janeiro passado, mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária e do marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.
A empresária angolana tinha entrado no capital da EFACEC Power Solutions em 2015, após comprar a sua posição aos grupos portugueses José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves, que continuam ainda a ser acionistas da empresa, enfrentando atualmente o grupo sérias dificuldades de financiamento devido à crise acionista que atravessa.
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