Esta foi a resposta, por escrito, enviada à Lusa, sobre as queixas de uma exploração agrícola de Torre de Moncorvo que hoje ficou com um terço da área de culturas alagada, naquela que foi a quarta inundação em cinco anos atribuída às barragens e que motivaram três processos judiciais contra a empresa com pedidos globais de indemnização de 310 mil euros.
Sem nunca se referir ao caso concreto, a EDP informa no esclarecimento à Lusa que está a descarregar alguns caudais do Douro, contudo no rio Sabor, onde se encontra uma das mais recentes barragens, está a “minimizar” as descargas para aproveitar a capacidade de armazenamento.
A exploração agrícola em causa fica em Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, na zona de confluência dos rios Sabor e Douro, e produz, em 15 hectares, hortícolas para grandes superfícies de Portugal e Espanha.
A empresária Catarina Martins, responsável pelo negócio de família, afirmou à Lusa que hoje, por volta das 10:00, cinco dos 15 hectares de hortícolas ficaram submersos com uma subida das águas “um metro e vinte acima da quota que está estipulada legalmente para esta zona”.
Os prejuízos ainda não estão calculados, mas Catarina Martins avança que não vai poder cumprir com os contratos que tinha com os clientes e teme que a situação “piore” com nova subida das águas.
A EDP responde que "a zona da foz do Baixo Sabor corresponde a zona inundável, mesmo que só com contributos do Douro” e que “face ao período seco que se sentiu em Portugal, tem procurado maximizar a retenção de afluências nas suas albufeiras”.
No caso particular do Douro, explica a empresa, a capacidade de armazenamento “é muito reduzida, obrigando a EDP, em consequência das fortes afluências dos últimos dias, e em estreita coordenação permanente com as autoridades, a descarregar alguns caudais, de acordo com os procedimentos previstos para gestão das albufeiras nestas condições”.
“Contudo, no rio Sabor, foi possível tirar partido da capacidade de armazenamento, minimizando as respetivas descargas", acrescenta.
Nos cinco hectares inundados na manhã de hoje, a jovem empresária agrícola de Torre de Moncorvo, que pretende dar continuidade ao negócio da família, explicou que tinha hortícolas, nomeadamente couve, prontos para colheita e serem distribuídos pelos clientes.
“Eu vou perder os meus contratos para a entrega destes produtos porque não tenho condições para cumprir” afirmou.
Catarina Martins responsabiliza a EDP pelas inundações que destroem as culturas e argumenta que a subida das águas acima do legalmente previsto naquela zona do Baixo Sabor se deve “à má gestão das barragens” do Douro e do Sabor, que acumulam a água neste local e provocam o alagamento.
Esta exploração agrícola já foi várias vezes alagada, as últimas das quais em 2013, 2014 e 2016, a que acresce a ocorrência de hoje.
Nas três vezes anteriores, a exploração agrícola avançou com processo no Tribunal Administrativo e ainda não há decisão judicial de nenhum dos casos, de acordo com a empresária.
Nos três processos são pedidas indemnizações pelos prejuízos causados nos hortícolas que totalizam cerca de 310 mil euros, segundo contou.
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