“Existia a faixa de proteção de cabos elétricos”, de acordo com “as normas legais”, assegurou hoje à agência Lusa fonte do gabinete de comunicação da EDP Distribuição.
A faixa de proteção “estava limpa”, sublinhou a mesma fonte da empresa, adiantado que “a linha [elétrica, no local, onde deflagraram as chamas] não partiu”.
De acordo com o relatório da comissão técnica independente (CTI) designada para analisar os fogos de junho na região Centro, hoje entregue na Assembleia da República e tornado público, a linha de média tensão “estava desprovida de faixa de proteção”, segundo o relato da GNR.
“O relatório circunstanciado da GNR datado de 26 de julho refere que [o incêndio em Pedrógão Grande] teve origem na linha elétrica, por contacto ou descarga, a qual observámos estar muito próxima da copa das árvores; o ponto de ignição situa-se num troço da linha de média tensão que numa extensão de 500 metros estava desprovido de faixa de proteção”.
Para a Polícia Judiciária, referida, no mesmo documento da CTI, tratou-se de “um incêndio de causa acidental”, que teve “como origem primária a incidência de um raio em linha de média tensão”, como evidenciaram os “danos observados em três pontos distintos nas linhas, com rotura de alguns fios do entrançado metálico (dois pontos num cabo e um ponto noutro), o que é corroborado por engenheiros” da empresa gestora da linha.
O relatório da CTI, detendo-se ainda sobre a origem das chamas, afirma que “os incêndios de Pedrógão Grande (28.914 hectares) e Góis (17.521 hectares), o segundo e o oitavo maiores de sempre desde que há registos, foram causados, respetivamente, por descargas elétricas mediadas pele rede de distribuição de energia e por raio”.
O documento, que analisa incêndios em 11 concelhos dos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco ocorridos entre 17 e 24 de junho, refere que, apesar de o fogo de Pedrógão ter tido origem em descargas elétricas na rede de distribuição, um alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes registadas.
Além disso, acrescenta, “não foram mobilizados totalmente os meios disponíveis” no combate inicial e houve falhas no comando dos bombeiros. A GNR fica, por outro lado, ilibada de direcionar carros para a Estrada Nacional 236, onde morreram cerca de metade das vítimas.
O documento aponta falta de conhecimento técnico no sistema de defesa florestal e falta de preparação dos atuais sistemas de combate às chamas para as alterações climáticas, confirmando, por outro lado, falhas de comunicação do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP).
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou, na sequência da divulgação do relatório, que o Governo assumirá todas as responsabilidades políticas, se for caso disso.
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