Na segunda-feira, um comité do conselho de Dublin que cobre o bairro de Rathgar, onde o escritor e poeta nasceu em 1882, apoiou uma moção para que o presidente da Câmara pedisse ao governo irlandês que repatriasse os restos mortais de Joyce, atualmente na Suíça.
O objetivo é “dar reconhecimento oficial a alguém a quem não fomos muito agradecidos no passado”, contou à AFP Dermot Lacey, membro do Conselho da Cidade de Dublin que apresentou a petição.
O governo irlandês, que na época do poeta estava sob a influência da Igreja católica, tinha rejeitado o repatriamento do corpo de James Joyce após a sua morte em janeiro de 1941, devido às violentas críticas que ele fez contra a instituição.
Lacey explicou que está a tentar entrar em contacto com os parentes do autor de “Ulisses”, considerada a sua maior obra, e que cumprirá a sua vontade de regressar à Irlanda. A ideia é tentar que as ossadas sejam devolvidas à Irlanda antes da comemoração do centenário da publicação da obra, em 2022.
“O exílio era um elemento-chave nos seus escritos, mas vai segui-lo até à eternidade? Não acho que isso faça parte do plano”, disse Paddy McCartan, também membro do Conselho, segundo o The Guardian.
Contudo, a opinião não é consensual. De acordo com Fritz Senn, estudioso que fundou a Zurich James Joyce Foundation há mais de 30 anos e que é atualmente o seu diretor, os desejos do autor em relação a ficar ou não na Irlanda não são claros.
"Tudo o que sei é que parece não haver evidências de que Joyce quisesse voltar à Irlanda ou mesmo ser enterrado lá", referiu.
Senn apelidou a controvérsia que se está a gerar de "A Batalha dos Ossos", acrescentando que o projeto "não foi pensado" e que o processo diplomático necessário está repleto de dificuldades.
O diretor da Fundação refere também que Stephen Joyce, neto do escritor responsável pelo seu legado, provavelmente não vai apoiar a petição. "Tudo depende do seu voto — negativo, provavelmente", frisou. O The Guardian tentou chegar ao contacto com Stephen mas não teve sucesso.
James Joyce morreu aos 58 anos e está enterrado com a sua esposa, Nora Barnacle, e outros membros da sua família no cemitério Fluntern, em Zurique, na Suíça, sendo este muito visitado por turistas.
Comentários