Steve Bannon, um dos nomes mais controversos e mais próximos de Donald Trump vai deixar o Conselho de Segurança Nacional da atual administração.
Bannon, antigo diretor do site noticioso nacionalista Breitbart News, foi nomeado "chief strategist [chefe de estratégia]" no início da governação de Trump, uma escolha envolta em grande controvérsia à qual se opuseram vários membros do Congresso e figuras da política externa
A mudança não é caso único e surge no âmbito de uma reorganização alargada à atual Administração Trump, confirmada pela própria Casa Branca através de um memorando divulgado esta quarta-feira. Na lista não consta o nome do chefe de estratégia como membro do Comité Superior, o grupo de funcionários de altos cargos que se reúne para discutir as prioridades de segurança nacional.
Além disso reintegra numa posição permanente no Conselho de Segurança Nacional o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e o responsável pelas agências de serviços secretos, que tinham sido retirados.
De acordo com o The Washington Post, que cita fontes oficiais, a saída de Bannon não é uma despromoção, mas sim uma saída natural após o seu trabalho no Conselho ter sido concluído. Por outro lado, a Bloomberg diz que que o papel de Bannon chegou ao fim uma vez que a sua função era monitorizar Michael Flynn, antigo líder do Conselho antes de este se demitir devido às polémicas com o Kremlin.
Nascido em 1953 em Norfolk, nos Estados Unidos, numa família católica irlandesa, pró-Kennedy e democrata, formou-se em 1976 na Virginia Tech em estudos urbanos (chegou a ser presidente da associação de estudantes) Bannon esteve alguns anos na Marinha, e prosseguiu a formação na Georgetown University. "Estudou assuntos internacionais e obteve um mestrado", recordou Edward Masso, colega de Bannon nas operações navais. "Ele era incrível. Quantas pessoas têm um trabalho de 12 horas no Pentágono e depois vão à Georgetown University à noite? Para mim, isso diz muito sobre ele".
Aos 29 anos, navegou para as águas da banca de investimento. Nos anos 80, quando o sector financeiro estava na moda, entrou na Harvard Business School, de onde foi recrutado para a Goldman Sachs, em Nova Iorque. Mudou-se mais tarde para Los Angeles, para se especializar no entretenimento, quando "havia uma forte consolidação" do sector, explicou.
Saiu em 1990 para criar a Bannon & Co, empresa especializada no investimento em media, com colegas da Goldman Sachs. Conseguiu clientes como o banco francês Crédit Lyonnais, a MGM, a Polygram Records ou a Westinghouse Electric, que queria vender o estúdio de cinema e televisão Castle Rock Entertainment a Ted Turner. Durante as negociações, percebeu-se que o patrão da CNN não tinha dinheiro para a operação e a Westinghouse propôs que fossem eles a investir.
Isso aconteceu para cinco séries televisivas, incluindo "Seinfeld" - o que o leva ainda hoje a receber "royalties" dessa série e lhe garantiu uma "pequena fortuna pessoal", garante a The Hollywood Reporter (THR).
A francesa Société Générale adquiriu a Bannon & Co em 1998 e ele interessa-se ainda mais por Hollywood, onde já tinha marcado presença como produtor em 1991, no filme "Titus", com Anthony Hopkins. Mas é a partir de 2004 que se acentua esse trabalho. No total, foi produtor de 18 filmes e realizador de nove, nomeadamente de documentários sobre personagens como Ronald Reagan ou Sarah Palin. Neste caso, Bannon assumiu ter investido um milhão de dólares na produção de "The Undefeated", realizado sem qualquer "apoio editorial do campo de Palin" - embora a versão áudio do livro da apoiante do Tea Party sirva de narração no filme.
Bannon assumiu também ser um "estudante" do realizador liberal Michael Moore, do russo Eisenstein ou da realizadora de propaganda nazi Leni Riefenstahl. O seu patrão Andrew Breitbart elogiou-o, "com sincera admiração, como a Leni Riefenstahl do movimento Tea Party".
Andrew Breitbart foi o primeiro funcionário do polémico site Drudge Report, de Matt Drudge, e ajudou Arianna Huffington a lançar o Huffington Post. Em 2007, com o seu amigo advogado Larry Solov, fundou a Breitbart News Network (BNN), empresa que controla o site Breitbart News.
Bannon ajudou-os, nomeadamente no aluguer de espaço para as suas actividades e, quando Breitbart morreu em Março de 2012, Solov como CEO convidou Bannon para o cargo de director-geral da BNN. Assim começou a marcar presença na Breitbart Radio e a escrever editoriais no site - "algo raro para uma grande empresa de media", considera Ben Shapiro, editor durante quatro anos do Breitbart e que se despediu por Bannon não ter apoiado uma jornalista do site, maltratada pela campanha de Trump.
[Notícia atualizada às 17h31]
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