No balanço das ocorrências registadas devido ao mau tempo, a Proteção Civil destacou ainda um total de 48 incêndios rurais na região Norte, especificamente na zona de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, considerando que “não é habitual para esta altura do ano” e que demonstra “o mau uso do fogo”, num contexto de ventos muito fortes.

Relativamente ao total de 5.800 ocorrências, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) disse que a maior incidência foi na área da Grande Lisboa (35%), seguindo-se Setúbal, Porto e Coimbra, sobretudo queda de arvores e de objetos e algumas inundações, o que provocou 15 pessoas desalojadas e 13 deslocadas.

Antes deste balanço, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse na manhã de hoje, em Bruxelas, que a situação meteorológica em Portugal “está muito estabilizada” e anunciou que o Governo está preparado para acionar quaisquer meios necessários.

Além do continente, a Região Autónoma da Madeira também foi afetada pela depressão Martinho, com o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros da Madeira a registar na quarta-feira cerca de 130 ocorrências devido ao mau tempo, entre os quais a queda de um muro sobre uma habitação que provocou três desalojados.

Quanto à previsão para os próximos dias, a ANEPC avisou que vai manter-se o cenário de “chuva e vento forte até sábado”, apesar de poder registar “algum desagravamento”, e alertou que é possível o registo de “fenómenos de vento extremo, especialmente na zona litoral e na zona Centro e Sul do país”, e que a agitação marítima vai manter-se permanente na costa de Portugal continental.

“Por outro lado, vamos começar agora a sentir a drenagem das bacias hidrográficas e um aumento dos caudais dos rios, com possibilidade de inundações e cheias”, advertiu Alexandre Penha, adjunto de operações da ANEPC, indicando que os rios na região Norte vão ter “algum aumento de caudal substancial” e a maior preocupação é com as bacias dos rios Mondego, Tejo e Guadiana.

Neste sentido, a Proteção Civil reforçou as recomendações à população para que evite “riscos desnecessários nos momentos de maior intensificação destes fenómenos meteorológicos”, sugerindo que se evitem deslocalizações e se proceda à limpeza dos sistemas de drenagem.

Das pessoas desalojadas, 13 foram na sequência de danos provocados pelos ventos fortes na habitação em que residem em Miragaia, concelho da Lourinhã, distrito de Lisboa.

Também dezenas de utentes de um parque de campismo no Pinhal Novo, no concelho de Palmela, Setúbal, foram obrigadas a sair das residências durante a noite e a concentrar-se num café, devido ao risco de queda de árvores.

Na cidade de Lisboa, num balanço até às 10:00, a câmara informou que houve seis pessoas feridas durante a noite e pelo menos 638 ocorrências, sobretudo quedas de árvores.

Na quarta-feira à tarde, uma pessoa ficou ferida com gravidade depois de ter sido atingida por uma árvore no concelho de Sintra, distrito de Lisboa.

Em consequência do mau tempo, a circulação do comboio da Ponte 25 da Abril, que assegura a ligação Lisboa – Setúbal, esteve hoje de manhã suspensa entre a estação de Coina e Roma-Areeiro. Registaram-se hoje também problemas na circulação ferroviária nas linhas de Cascais, Douro e Beira Alta, informou a CP — Comboios de Portugal.

Pelas 12:00 de hoje, segundo a Infraestruturas de Portugal (IP), continuava interrompida a circulação ferroviária na Linha de Cascais devido a danos significativos numa catenária, enquanto a Linha do Norte estava condicionada entre Bobadela e Alverca.

Na sequência das condições atmosféricas adversas, houve necessidade de cortar estradas e encerrar escolas por falta de eletricidade, inclusive no concelho de Pombal (distrito de Leiria), assim como fechar museus, incluindo em Sintra (distrito de Lisboa). Há vários danos materiais em Portugal continental, incluindo carros danificados por queda de árvores.

A rede elétrica de 82 mil clientes da E-Redes estava às 07:30 de hoje com grandes constrangimentos, sendo os distritos de Leiria, Coimbra e Viana do Castelo os mais afetados, informou a empresa do grupo EDP, que pelas 10:00 informou que cerca de 50 mil clientes continuavam sem energia.

A forte ondulação obrigou hoje ao fecho de 18 barras marítimas, a maioria no norte e sul de Portugal continental, segundo o ‘site’ da Marinha.

Os distritos de Lisboa, Setúbal e Leiria estão desde as 06:00 de quarta-feira sob aviso meteorológico amarelo devido à chuva forte, passando depois a laranja e estendendo-se a Faro e Beja devido à passagem da depressão Martinho, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Além da chuva, a depressão Martinho inclui vento e ondulação forte até esta quinta-feira, sobretudo nas regiões Centro e Sul de Portugal continental.