Fazem-se obras nas grandes cidades. Em Lisboa, o Metro está a crescer devido à nova Linha Circular. Já no Porto, o metrobus levou o arquiteto Álvaro Siza Vieira a projetar as novas estações.
Mas as obras não estão a ser assim tão pacíficas como se julgaria: numa das cidades as críticas fazem-se ouvir por parte dos moradores, na outra é o próprio presidente da Câmara que levanta a voz.
O que está a acontecer?
- Em Lisboa
Moradores da Travessa do Pasteleiro, no bairro lisboeta da Madragoa, que foram obrigados a desocupar as casas devido à expansão da rede do Metropolitano de Lisboa, queixam-se da falta de pagamento das indemnizações a que têm direito.
"Quase dois meses decorridos da data do aditamento ao acordo indemnizatório, o Metropolitano de Lisboa não honrou o seu compromisso e responsabilidades e ainda não pagou qualquer indemnização aos moradores afetados", afirmou Carla Martins, em representação de um conjunto de moradores.
A moradora falava na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, no período de intervenção aberto ao público, solicitando aos deputados municipais que “atuem no sentido de resolver, com urgência, esta situação vergonhosa” relacionada com as obras do Metropolitano de Lisboa, nomeadamente a criação da Linha Circular, que ligará a estação do Rato ao Cais do Sodré.
Além das obras, os custos suportados pela empresa de transporte público incluem indemnização aos senhorios, residentes e proprietários e “o realojamento dos residentes pelo período da ocupação”.
Com um investimento total previsto de 331,4 milhões de euros, a Linha Circular ligará a estação Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede, com inauguração prevista em 2025.
Horas depois, o Metro reagiu e diz estar “a proceder ao pagamento do valor adicional de indemnização” aos moradores.
Numa resposta escrita enviada à Lusa, a empresa reitera que os trabalhos de reforço estrutural dos edifícios localizados na Travessa do Pasteleiro, assim como os trabalhos de acabamentos no interior das frações, assegurados pelo ML no âmbito da expansão da rede para a criação da Linha Circular, “ficaram concluídos em maio”.
Contudo, por razões técnicas associadas aos trabalhos de escavação na estação Santos, os imóveis “não podem ainda ser utilizados em permanência, pelo que foi necessário prolongar o período de ocupação temporária”, prevendo-se que até 30 de setembro estejam reunidas as condições para “se iniciar o planeamento relativo à devolução das frações”.
“Face a essa realidade, o Metropolitano de Lisboa informou atempadamente as partes interessadas da situação e assegurou as devidas indemnizações adicionais, estando a proceder ao pagamento do valor adicional de indemnização em conformidade com o acordo celebrado”, acrescenta a empresa.
- No Porto
Já no Porto, as obras também são motivo de críticas — mas de outro tipo. Na Invicta, o presidente da câmara criticou as estações da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira que estão a ser construídas para o metrobus na Marechal Gomes da Costa, defendendo que parecem "ter sido feitas pelo Obélix".
“Há coisas que de facto não gosto. Se me perguntar se compreendo quer na Avenida da Boavista, quer na Marechal Gomes da Costa as estações que lá estão a ser feitas, eu não gosto. É a minha opinião, não percebo porque é que são feitas assim", afirmou Rui Moreira, que defendeu que as estações deviam assemelhar-se às novas paragens de autocarro que foram construídas na cidade.
"Olho para aqueles matacões, aqueles que me incomodam mais até têm uma assinatura de autor, que estão na Marechal Gomes da Costa, que, a meu ver, deviam ser costas com costas e coisas levezinhas, envidraçadas e não precisavam de ser coisas que parecem ter sido feitas pelo Obélix", afirmou.
Apesar das críticas, o autarca independente saudou algumas das opções levadas a cabo no projeto do metrobus, como a largura dos passeios e, consequentemente, a retirada de estacionamento à superfície, a colocação de árvores nos passeios e a retirada do Monumento ao Empresário para ali criar “um bosque com árvores”.
O metrobus ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17) este ano.
As obras da primeira fase arrancaram no final de janeiro de 2023, estando previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona).
Inicialmente, o projeto do 'metrobus' estava previsto apenas até à Praça do Império, mas como o valor da adjudicação (25 milhões de euros) ficou abaixo dos 66 milhões de euros, o Governo decidiu fazer uma extensão do serviço até à Praça Cidade do Salvador, conhecida como Anémona, em Matosinhos.
O investimento inicialmente previsto para o 'metrobus', de 66 milhões de euros, é totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e os 10 milhões adicionais poderão ser também financiados pelo PRR, pelo Fundo Ambiental ou pelo Orçamento do Estado.
*Com Lusa
Comentários