“Sou uma pessoa responsável. Assinei um compromisso com o presidente do governo, com o senhor Representante da República e entendo que assinei com os representantes do povo. Devo honrar esse compromisso. Sinto que moralmente estou preso a este compromisso”, afirmou Furtado em declarações à agência Lusa.
Carlos Furtado, que foi eleito pelo Chega, mas passou a deputado independente após perder a confiança política do líder nacional do partido, considerou que seria “deselegante” aproveitar a “fragilidade do governo” para obter “ganhos políticos”.
“Se eu estivesse na condição do senhor presidente do Governo Regional, ou do líder parlamentar do maior partido de direita, não aceitaria de forma nenhuma os comportamentos daquele senhor [do deputado do Chega]. Excluía aquele senhor de qualquer entendimento. Não se deve negociar com chantagistas”, vincou.
“Perante a pouca vergonha que se passou hoje de manhã, qualquer deputado tem quase a obrigação de corrigir essas assimetrias”, apontou.
O deputado referia-se à conferência de imprensa do deputado único do Chega, José Pacheco, que deixou tudo em aberto quanto à votação do Orçamento da região.
“Os açorianos estão à espera de que os políticos sejam responsáveis e adultos e que cumpram com a sua palavra”, afirmou Furtado.
O parlamentar salientou que vai “honrar” o “compromisso” que firmou com os partidos que suportam o Governo dos Açores, a propósito da votação do Orçamento que vai decorrer na próxima semana.
O Orçamento Regional dos Açores começa a ser debatido na segunda-feira pelo parlamento açoriano na Horta, ilha do Faial, e a sua aprovação está dependente dos votos do deputado do Chega, do representante da Iniciativa Liberal, e do deputado independente (ex-Chega).
A direção nacional do Chega pediu na quarta-feira ao partido nos Açores para retirar o apoio ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), mas hoje o deputado único do partido, José Pacheco, disse que “nada está fechado e tudo pode acontecer” dado que há negociações em curso.
A Assembleia Legislativa é composta por 57 eleitos e a coligação de direita, com 26 deputados, precisa de mais três parlamentares para ter maioria absoluta.
Como a coligação assinou um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD com a Iniciativa Liberal, era esperada a viabilização do Orçamento Regional para 2022 por estes partidos, bem como pelo deputado independente (que manteve o apoio ao executivo quando saiu do Chega).
A IL tem ameaçado votar contra, referindo que continua “a lutar” nas negociações.
O parlamento conta ainda com mais 28 deputados: 25 do PS, dois do BE e um do PAN. Todos estes partidos anunciaram já o voto contra o Orçamento.
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