A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) arquivou um processo contra a TVI motivado por várias participações contra o canal a propósito de uma reportagem sobre o impacto da pandemia de covid-19 no Norte.
João Paulo Correia, autarca em Gaia e dirigente do Grupo Parlamentar do PS, foi um dos que apresentou um protesto formal contra a TVI junto da ERC, alegando que a reportagem apresentada continha elementos ofensivos para os cidadãos da zona Norte do país.
Num oráculo dessa reportagem, podia ler-se o seguinte sobre a região Norte: "população menos educada, mais pobre, envelhecida e concentrada em lares".
Perante a decisão da ERC, o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS disse registar como "positivo" que esta entidade reguladora "tenha concluído que houve uma falha de rigor na peça".
"A ERC já se pronunciou sobre o caso. Espero que não se repita", acrescentou João Paulo Correia.
Em comunicado, o organismo recordou que recebeu "entre 14 e 27 de abril de 2020, dez participações contra a TVI relativamente a informação sobre a propagação e o impacto da covid-19 na região Norte do país prestada durante a edição de segunda-feira, dia 13 de abril de 2020, do serviço noticioso Jornal das 8".
Estas participações contestavam "a conclusão aventada", segundo a ERC, de que o Norte de Portugal foi "mais afetado pela covid-19 porque tem uma 'população menos educada, mais pobre, envelhecida e concentrada em lares', acusando a TVI de falta de rigor e isenção, assim como de discriminar e ofender a reputação da região e das suas populações".
"Estas conclusões, que são contestadas pelos participantes, não são enunciadas pelos especialistas, nem lhes são atribuídas no trabalho jornalístico que é apresentado pela TVI", realçou a ERC.
No dia seguinte, e face a variadas queixas, o diretor de Informação da TVI e TVI24, Sérgio Figueiredo, "emitiu um comunicado a lamentar a informação veiculada na véspera", explicando que "a intenção da sua equipa foi a de questionar a diferença entre os números da região Norte e do resto do território nacional, procurando chegar às razões desse fenómeno e ajudar a encontrar respostas para a sua resolução" e adiantando que "à jornalista foi solicitado que procurasse explicações junto das autoridades de saúde", lê-se no comunicado da ERC.
No mesmo dia, 14 de abril, no Jornal das 8, "a TVI perseverou na assunção do erro e consequente pedido de desculpa".
"Fê-lo através da intervenção inicial do jornalista José Alberto Carvalho, pivô do noticiário de horário nobre da TVI, e da presença do próprio diretor de Informação", dedicando a abertura e os 15 minutos iniciais ao tema, segundo a ERC.
"A TVI promoveu, assim, um extenso e aprofundado momento de retratação e de esclarecimento dos espetadores relativamente a uma falha informativa, que foi assumida e prontamente retificada conforme estipulam as regras ético-deontológicas e legais da profissão jornalística", ajuizou a ERC.
"Constatando que a autorregulação se antecipou, o que se distingue pela positiva, entende-se que a intervenção da ERC se afigura supérflua, razão pela qual se propõe o arquivamento das participações contra a TVI", concluiu o organismo.
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