No dia em que as ministras do Trabalho e da Saúde, Ana Mendes Godinho e Marta Temido, foram ouvidas numa audição parlamentar conjunta, os deputados do PSD Ricardo Baptista Leite e Clara Marques Mendes afirmaram, em conferência de imprensa, que o partido saiu “mais preocupado” do que entrou.
“Há um conjunto de matérias que suscitaram uma enorme preocupação por parte do PSD e que deveriam ser alvo de uma discussão aprofundada e de acompanhamento na subcomissão que o PSD propôs, mas que foi rejeitada. Não vai existir devido ao voto contra do PS, que não quer que essa fiscalização seja feita a partir de uma subcomissão na Assembleia da República”, criticou o deputado e vice-presidente da bancada social-democrata, na Assembleia da República.
O PSD tinha entregado na segunda-feira um requerimento para que, no âmbito da Comissão de Trabalho e Segurança Social, fosse criada uma subcomissão parlamentar eventual que fizesse o acompanhamento da situação dos lares de terceira idade durante a pandemia de covid-19.
Para Baptista Leite, à medida que se aproxima o inverno “é preciso tranquilizar os portugueses”, defendendo que, mais do que palavras, são necessários “atos” e provas de que o Governo consegue controlar a pandemia e proteger os mais idosos.
Em concreto sobre a situação do lar de Reguengos de Monsaraz, onde se registaram 18 mortes por covid-19, o deputado e médico salientou que o PSD vai continuar a apelar para que sejam entregues ao parlamento os relatórios dos elementos das Forças Armadas que estiveram presentes naquela instituição, os relatórios das inspeções da segurança social de 2018 e 2019, bem os resultados de “uma inspeção que todos desconheciam” e hoje revelada pela ministra Ana Mendes Godinho.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social afirmou hoje, na audição parlamentar, que ordenou em julho que a inspeção-geral do Ministério do Trabalho fizesse uma fiscalização ao lar de Reguengos de Monsaraz, além da avaliação da Segurança Social.
Tal como já tinham feito hoje em sede de comissão, os dois deputados do PSD manifestaram perplexidade por só agora ser conhecida esta inspeção, bem como preocupação com a situação dos lares ilegais e críticas quanto à política de testagem do Governo nos lares.
“O PSD tem defendido que, sobretudo em circuitos fechados de alto risco, a realização de testagem rotineira, começando pelos que foram reconhecidos pelo Governo como vetores de transmissão, os funcionários”, apontou Baptista Leite, que considerou que seria igualmente benéfico “um modelo de testagem periódica” dos residentes em lar.
Baptista Leite apelou a que as advertências feitas pelo presidente da Assembleia da República na última reunião entre especialistas e políticos sejam ouvidas, depois de Ferro Rodrigues ter dito que era preciso “aprender as lições da primeira fase da pandemia” no caso concreto dos lares.
Questionados se o PSD defende a demissão da ministra do Trabalho, a também ‘vice’ da bancada social-democrata Clara Marques Mendes respondeu que o partido não se iria pronunciar sobre esta matéria.
“Esperamos que a senhora ministra venha a ter um comportamento diferente no futuro”, apelou.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 936 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.878 em Portugal.
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