As vacinas autorizadas pela OMS e pela maioria dos reguladores oferecem "uma proteção robusta pelo menos durante seis meses contra formas graves da doença, embora se tenha observado diminuição da eficácia face a quadros clínicos graves, especialmente em adultos mais velhos e pessoas com doenças subjacentes", afirmou o presidente do grupo de peritos que assessora a organização, Alejandro Cravioto.
A OMS baseou-se na "revisão da informação e dados científicos relacionados com a duração da imunidade", afirmou a diretora do departamento de imunização da OMS, Kate O'Brien, em conferência de imprensa.
O grupo que assessora a OMS e revê esses dados referiu que é ainda demasiado cedo para se pronunciar sobre a nova variante do coronavírus SARS-CoV-2 (Ómicron).
Recomendou formalmente que os países atuem com flexibilidade na hora de planear as próximas fases dos seus programas de vacinação para conter a pandemia da covid-19 com 4,1 milhões de novos contágios registados na semana passada, bem como 52.000 mortes atribuídas à doença.
A sua ideia de flexibilidade é poder imunizar toda a gente com a primeira dose de uma vacina e uma segunda de outra diferente, permitindo aos países que não têm reservas de vacinas ultrapassar essa circunstância.
Vários países têm até quatro vacinas nos seus planos de vacinação contra a covid-19 e poder combiná-las evitará que as vacinas se estraguem, indicou O'Brien.
No entanto, a recomendação dos peritos é que se deem, sempre que possível, todas as doses com a mesma vacina.
Quanto às doses de reforço, a OMS mantém a sua recomendação de privilegiar grupos vulneráveis, bem como trabalhadores do setor da saúde, especialmente se tiverem sido inoculados com vírus inativado, a tecnologia usada nas vacinas chinesas Sinovac e Sinopharm.
Uma pandemia a duas velocidades
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou hoje que a pandemia de covid-19 avança a dois ritmos, diferentes, referindo-se ao impacto da doença em pessoas vacinadas e pessoas não vacinadas.
No caso das vacinadas, podem ser infetadas na mesma pelo coronavírus SARS-CoV-2 mas terão, na maioria dos casos, formas mais benignas da doença, enquanto as pessoas não vacinadas estão a representar "entre 80% e 90% " das infeções graves, hospitalizações e mortes.
No entanto, a diretora do departamento de imunização da OMS, Kate O'Brien, manteve em conferência de imprensa que "isto não deve interpretar-se de modo nenhum como falta de eficácia das vacinas".
"À medida que a cobertura da vacinação aumenta, entre os novos casos haverá uma maior proporção que corresponde a pessoas vacinadas. Não é surpreendente que, havendo mais pessoas vacinadas, vejamos um número maior de infeções".
Salientou que "o risco maior é para as pessoas não vacinadas, pelo que há uma pandemia a duas velocidades", afirmou na apresentação das últimas conclusões do grupo que aconselha a OMS sobre imunização.
Kate O'Brien indicou que a variante mais recente do SARS-CoV-2 descoberta na África Austral (Ómicron) poderá gerar mais pressão sobre o armazenamento de vacinas e que altere os planos dos países mais ricos, que anunciaram doações das doses que têm a mais aos países mais pobre, encaminhando-as em vez disso para vacinação de reforço das suas populações.
Argumentou que a contenção da pandemia não funcionará "a menos que as vacinas cheguem a todos os países onde a transmissão continua e de onde estão a surgir variantes".
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